quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"FAZ O MEU DIA"

                                 INFORMAÇÃO ESPECTÁCULO

Qualquer pessoa minimamente atenta sabe que aquilo a que já se chamou “nobre função de informar”, há muito passou para o sótão das velharias. O que hoje é exigido aos jornalistas é que façam tudo quanto puderem para alimentar um espectáculo, muitas vezes degradante, em forma de novela, cada dia com um capítulo novo sobre o mesmo tema, com títulos garrafais, para despertar o interesse.
Nas televisões, então, são dias seguidos com o mesmo assunto, as mesmas entrevistas de rua, o mesmo cão que não mordeu o homem mas que, por sua “culpa”, morreram homens…
Como, por mera preguiça – acho eu – não conseguem encontrar o homem que mordeu o cão – se quisessem, encontrariam… – põem-se em pelotão à frente de uma cadeia, de uma casa, para especular sobre o carácter de quem se “atreve” a visitar o proscrito, “perseguem”um advogado que acaba de saír de um interrogatório em que o que lhe é permitido dizer está muito condicionado, ou deveria estar… na esperança de que algum protagonista lhes solte, inadvertidamente, uma “bomba” que os faça ganhar o dia.
“Make my day” é o propósito que os acompanha a cada minuto de cada dia. Muitos desses repórteres que a gente vê, devem acordar com a ideia fixa de que todos os dias há um pato que se levanta, e vão fazer tudo que estiver ao seu alcance para o encontrar, sem olhar a meios. Depois, ficam escandalizados se alguém, saturado de os aturar, mandar algum “tomar banho, que cheira mal”!
O tom agressivo com que se dirigem aos entrevistados, nas televisões, é sabido, destina-se a fragilizá-los, a fazê-los perder a serenidade, para depois fazerem disso o ponto alto da entrevista. O que na entrevista houve de substancial foi-se por água abaixo; o que vai ficar a valer, durante tempo indeterminado, é o que naquela conversa nenhuma importância teve, para o comum dos cidadãos.
Nos telejornais, quando lhes parece ter alguma coisa “gorda” para os papalvos, prometem-na logo no início para “já a seguir”, repetindo a promessa até ao fim, até que, finalmente, se verifica que tudo aquilo pouco mais era que uma vulgaridade do mais rasteiro. E assim vamos…

                                 Amândio G. Martins


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