terça-feira, 29 de setembro de 2015

POESIA

 ENTRE PINHEIROS E CIPRESTES

Entre pinheiros e ciprestes
Fundi em lágrimas os olhos…
Onde estais vós, almas celestes,
Que entre pinheiros e ciprestes
Em vão procuram os meus olhos?
Na terra fria aqui descansam
Os corações que tanto amei…
Mas os meus braços não alcançam
Na terra fria em que descansam
Os corações que tanto amei.
Às vezes ponho o ouvido atento
A ver se os ouço ainda bater…
Mas só me fala a voz do vento,
Sempre que ponho o ouvido atento
A ver se os ouço ainda bater…
Eles que sempre e a toda a hora
Tão nobremente palpitaram…
E já nem sombra resta agora
Deles que sempre e a toda a hora
Tão nobremente palpitaram!
Mas todo o amor, toda a bondade,
Que em vida as almas enobrece,
Torna a ser luz na imensidade,
Irradiação de amor, bondade,
Que em vida as almas enobrece…
E nessa luz, a alma que chora
Dum brilho augusto se ilumina,
Como uma esp´rança ou uma aurora,
Em cuja luz a alma que chora
Dum brilho augusto se ilumina…
E ao nosso olhar, de entre ciprestes,
Estrelas novas aparecem…
Sois vós talvez, almas celestes,
De entre pinheiros e ciprestes,
Essas estrelas que aparecem…

NOTA – Poema de António Feijó
Transcrito por Amândio G. Martins


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