sexta-feira, 16 de maio de 2014

Abstenção é uma palavra feia



Abstenção é uma palavra feia, fria, maricas.

Abstenção é cobardia, desistência voluntária, renúncia.

Se me abstenho repudiu-me como interveniente activo seja lá no que for. Perco o respeito por mim próprio, porque me abandono.

Deixo para os outros a decisão que não sou capaz de tomar, seja ela sim, não ou talvez. 

É pôr-me à margem, sair do grupo, é um dos confortos momentâneos mais desconfortáveis que existe: corroi lentamente a consciência com a lexívia da impassividade e da negação.
Abstenção é aceitar todos os caminhos, mesmo o do abismo, e aceitar-se assim é suicídio.

Abstenção é ir no dia seguinte para o café gabar-se que não pôs lá os pés, mas queixar-se do preço da electricidade.

Escrevam um escrito que pode ser irónico, raivoso, mal educado, muito mal educado; ponham uma cruz sobre todos; façam do papel um origami ; imaginem o que vos apetecer, mas vão.

Apareçam por lá, há muitas maneiras de catar pulgas e não se abster é uma delas.

www.redondovocabulo.com

9 comentários:

  1. Entrar num jogo falseado logo à partida, só porque a maioria entra, pode também ser uma prova de honestidade. Covardia, pode ser o aceitar as regras, mesmo viciadas. Todos têm a liberdade de agir conforme a sua consciência. Ninguém deve querer ofender os outros só porque pensam e agem de maneira diferente num problema que só a si diz respeito. Nestes casos, ninguém deve querer ser o espelho de ninguém e não é correcto pôr epítetos aos que pensam de maneira diferente da nossa. De qualquer modo, cada um, de forma correcta, porque somos civilizados, pode e deve expandir a sua opinião. Um abraço lusitano.

    ResponderEliminar
  2. Um abraço Joaquim e obrigado pelo contraditório.

    No meu texto não pretendi pôr epítetos, somente disse o que penso sobre a palavra "abstenção". Ofender, ofender a sério, só me apetece fazer ao bando de malfeitores que me tiram à mão armada o dinheiro do bolso todos os meses. Se puder é pastéis de nata, ovos, tomates, o que tiver no momento à mão.

    Relativamente ao sentido da palavra abstenção, não há mesmo volta a dar, significa o que significa.

    E para mim- e foi o que quis dizer - é que abstermo-nos agora nas eleições, mesmo que o resultado da abstenção seja arrasador, vai ser sempre confortável para os partidos "do Arco", porque de uma maneira ou outra serão eleitos, e vão sempre dizer que ficaram atentos ao afastamento das urnas, mas já se sabe: nesse dia esteve demasiado calor,o frio fez-se sentir, os eléctricos perderam energia, o benfica,o porto ou os outros jogaram em casa e deu na televisão, e pronto, ficamos assim....

    ResponderEliminar
  3. "Abstenção é uma palavra feia, fria, maricas"
    Será que o Bordalo Pinheiro, com toda a sua panóplia do " Toma" e do "Orvalho das caldas" significa ser maricas? Eu, por exemplo, já provei a mim próprio, à custa d'outros, abastendo-me ou votando nulo será sempre a minha livre opção, assim como a dos outros, que farão o que muito bem entenderem. Por acaso, tenho votado sempre e desta vez também, só que desta, p.... que os pariu.Estou farto, como tal levam uma cruz cada um! Quero lá saber se se são eleitos só com os seus próprios votos. nada.Têm andado a brincar "cagente", agora sou eu que brinco, mas com azedume para esta cambada de doutores e engenheiros, que nos "tratam" da saúde e do dinheiros. Um simples governo de pastores não faria pior, penso! Figas dixit

    ResponderEliminar
  4. Procurei no dicionário e não encontrei abstenção como sinónimo de maricas. Deve haver qualquer erro no dicionário que consultei, pois acredito na sua sabedoria. Contudo, como ser maricas deixou de ser vergonhoso, como consequência das aberturas dos tempos modernos, nada há a catalogar no rol das indecências. Num jogo falseado à partida, não devemos entrar, a não ser que concordemos com as regras. Os candidatos não são do povo que os elege. São do Partido Político que os arregimentou e ao qual têm se ser fiéis e defender os seus interesses. Contudo, não apelido de nada os que acham que as regras estão bem delineadas. Lutei imenso, durante 50 anos, para que tivéssemos direito a voto e antes do 25 de Abril, em 1969, inscrevi-me nos cadernos eleitorais, perante a estupefacção de alguns amigos que achavam que era perigoso fazê-lo. Até às últimas eleições, votei sempre. Se não alterarem as regras, jamais votarei. Espero que tenha a liberdade de o fazer, e que os amigos e conhecidos não levem a mal, que usufrua na minha liberdade, e que não me apelidem de nomes que não me assentam bem, ainda que cada um seja o que seja. Um abraço para todos e os desejos sinceros de um Portugal melhor.

    ResponderEliminar
  5. Abstenção é uma palavra que tem o seu significado e resultado e não necessita de ser adjectivada, só por que "sim".....e, mesmo assim , não devemos deixar nunca de ir votar, mesmo que, no caso, com 16 cruzes!!!!

    ResponderEliminar
  6. Respeito a interpretação do Augusto sobre o dever ou necessidade de votar. Contudo, mantenho a posição de entender que só devemos entrar num jogo em que concordemos com as regras. Não voto em símbolos. Voto em pessoas. Não peço responsabilidades a símbolos, mas a pessoas. Esta minha posição é recente e talvez não esteja ainda bem interiorizada. Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Viva

      Mas "todas, todas " as pessoas são sempre as mesmas e vão fazer sempre o mesmo........desde Bloco a PC, desde PS a PP, os outros cairam dos anteriores....são sempre, mais dos mesmos.....

      Augusto

      Eliminar
    2. Então qual é a solução amigos abstencionistas? Não votar para mim significa "entregar o ouro ao bandido e aqui os bandidos entenda-se são o PSD, o CDS e o PS (partidos da troika) vistos que eles com o poder económico que possuem consequem enganar sempre uma parte da população, para além de terem a clientela que vive á sombra do poder seja ele rosa seja ele laranja. Não adianta mistificar misturando tudo e todos. Amigo Augusto desde quando é que o PC e o Bloco foram Governo ou ou assinaram o pacto de agressão com a troika? Olhe, por muito que se diga que se é livre, fazendo até crer que quem tem simpatias partidárias o não é, a verdade nua e crua é esta: não votar favoreçe quem está no poder, e por isso eu acho que o Luis Robalo tem razão, a abstenção é feia, mas mais do que isso é aliada do situacionismo. E quem é que não sabe isso? então lutou-se tanto pela liberdade pelo direito ao voto do povo, e agora abdicamos desse direito? Brincamos ou quê? ou querem fazer de nós tótós?

      Eliminar
  7. Vamos ver se nos entendemos sobre democracia "poder do povo". Se os portugueses quisessem o o PC e o Bloco de Esquerda nas rédeas do país, não lhe davam uma votação conjunta de 15 a 20%. Estes partidos podem ter razão nas suas mensagens, das quais eu subscrevo algumas. Só que o mundo não é só Portugal. Para além das críticas acertadas que fazem a medidas governamentais, têm um objectivo mais profundo, que é instituir uma sociedade de um só partido, ou seja uma ditadura, das quais só restam Cuba e Coreia do Norte. Mesmo a China, vai-se adaptando a um mercado livre, e vai deixando cair, paulatinamente, a sociedade sem classes. O ideal seria sermos todos pessoas de bem, respeitadas e respeitosas, mas, infelizmente, o mundo não é assim. É bom ter ideais, mas é também razoável ter os pés em cima do solo. Um abraço para todos os que lutam por um mundo melhor, embora cada um à sua maneira.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.