Em 2015 os Portugueses
vão ser chamados mais uma vez a resolver o problema coletivo de decidir quem
deverá governar «pelo Povo e para o Povo». Sabemos também que, mais uma vez,
muita gente não o irá fazer (chama-se a isso abstencionismo).
Estamos, portanto,
perante um problema duplamente importante: escolher quem vai governar e tentar
que essa decisão também tenha legitimidade pelo número de votos expressos.
A nossa
intelectualidade tem a ideia (confundindo o desejo com a realidade) que os
cidadãos têm de estar sempre 100% mobilizados, o que nunca aconteceu nem
acontecerá e isso é um facto inelutável. Não estaremos nós perante um problema
suficientemente grande e complexo que mereça mais importância e valor para
todos nós? Talvez valha a pena sermos um pouco mais pragmáticos e procurarmos
medidas concretas para tentar envolver cada vez mais os eleitores num processo
que lhes diz respeito. E de que forma poderemos tentar combater o fenómeno do
abstencionismo? Independentemente de este ser tributário do desinteresse dos
cidadãos («etc.») e de tecermos complexas dissertações sobre melhores políticos
(«etc.»), que embora possam ser verdadeiras serão, eventualmente, pouco
exequíveis, proponho 4 ideias que poderiam ser, pelo menos, pensadas e
eventualmente implementadas nas próximas eleições, nem que fosse de forma
«piloto» para confirmarmos se ajudariam ou não a reduzir o abstencionismo.
Estas 4 ideias partem
de um pressuposto que as sustenta; simplex vera sigillum:a simplicidade
é a marca da verdade, ou seja, o melhor teste, seja em ciência ou em fenómenos
e questões humanas, é a maior simplicidade possível quando perante várias
hipóteses para resolver um problema.
As medidas que,
acredito, estão ao nosso alcance (ou de quem de direito na matéria) são:
1.º: Por que não passar
de 1 para 2 dias o ato eleitoral?
2.º: Por que não
alargar o período de funcionamento das assembleias de voto? Por que motivo não
podem funcionar as assembleias de voto com um horário maior, por exemplo das
8H00 às 22H00 ou mesmo 23H00 (pelo menos no primeiro dia)?
3º: Desenvolvimento e
disseminação do voto eletrónico. Afinal de que estamos à espera para
desenvolver um meio que permita ao indivíduo, onde quer que esteja, votar?
Porque a maior e mais fácil mobilidade é uma das tendências marcantes dos
nossos tempos, temos de pensar como a podemos gerir em vez de a «negar»!
4.º Urnas de voto
móveis: por que não hão de as urnas ir ter com os cidadãos que estão
institucionalizados, hospitalizados ou em situações que os impedem de se
movimentar no dia das eleições? Será que eles não votariam e só não o fazem
porque naquela altura não se podem mexer? Por que é que o cidadão só pode votar
num espaço físico definido da secção X?
Dado que ao votar estamos
a decidir coletivamente o nosso futuro, a curto e médio-prazo, penso que
valeria a pena, pelo menos, experimentar alguma mudança, efetuando alterações
às regras existentes que não se demonstram eficazes em vez de ficarmos a
contemplar a alteração dos comportamentos e a dissertar sobre causas e nada
fazer. Em resumo, o abstencionismo não é «o» problema. O problema é saber como
se pode reduzi-lo de forma pragmática, sabendo que nunca será 100%, eliminado
pois ele tanto inclui desinteresse e desilusão como também incapacidade para
alguns e protesto silencioso para outros! O que é estranho é que «falam, falam,
falam, mas …. (isso mesmo)!»
Paulo Finuras
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