terça-feira, 13 de maio de 2014

Contra factos (afinal) há argumentos: quatro ideias para lidar com o abstencionismo


               Em 2015 os Portugueses vão ser chamados mais uma vez a resolver o problema coletivo de decidir quem deverá governar «pelo Povo e para o Povo». Sabemos também que, mais uma vez, muita gente não o irá fazer (chama-se a isso abstencionismo).
               Estamos, portanto, perante um problema duplamente importante: escolher quem vai governar e tentar que essa decisão também tenha legitimidade pelo número de votos expressos.
               A nossa intelectualidade tem a ideia (confundindo o desejo com a realidade) que os cidadãos têm de estar sempre 100% mobilizados, o que nunca aconteceu nem acontecerá e isso é um facto inelutável. Não estaremos nós perante um problema suficientemente grande e complexo que mereça mais importância e valor para todos nós? Talvez valha a pena sermos um pouco mais pragmáticos e procurarmos medidas concretas para tentar envolver cada vez mais os eleitores num processo que lhes diz respeito. E de que forma poderemos tentar combater o fenómeno do abstencionismo? Independentemente de este ser tributário do desinteresse dos cidadãos («etc.») e de tecermos complexas dissertações sobre melhores políticos («etc.»), que embora possam ser verdadeiras serão, eventualmente, pouco exequíveis, proponho 4 ideias que poderiam ser, pelo menos, pensadas e eventualmente implementadas nas próximas eleições, nem que fosse de forma «piloto» para confirmarmos se ajudariam ou não a reduzir o abstencionismo.
               Estas 4 ideias partem de um pressuposto que as sustenta; simplex vera sigillum:a simplicidade é a marca da verdade, ou seja, o melhor teste, seja em ciência ou em fenómenos e questões humanas, é a maior simplicidade possível quando perante várias hipóteses para resolver um problema.
               As medidas que, acredito, estão ao nosso alcance (ou de quem de direito na matéria) são:
               1.º: Por que não passar de 1 para 2 dias o ato eleitoral?
               2.º: Por que não alargar o período de funcionamento das assembleias de voto? Por que motivo não podem funcionar as assembleias de voto com um horário maior, por exemplo das 8H00 às 22H00 ou mesmo 23H00 (pelo menos no primeiro dia)?
               3º: Desenvolvimento e disseminação do voto eletrónico. Afinal de que estamos à espera para desenvolver um meio que permita ao indivíduo, onde quer que esteja, votar? Porque a maior e mais fácil mobilidade é uma das tendências marcantes dos nossos tempos, temos de pensar como a podemos gerir em vez de a «negar»!
               4.º Urnas de voto móveis: por que não hão de as urnas ir ter com os cidadãos que estão institucionalizados, hospitalizados ou em situações que os impedem de se movimentar no dia das eleições? Será que eles não votariam e só não o fazem porque naquela altura não se podem mexer? Por que é que o cidadão só pode votar num espaço físico definido da secção X?
               Dado que ao votar estamos a decidir coletivamente o nosso futuro, a curto e médio-prazo, penso que valeria a pena, pelo menos, experimentar alguma mudança, efetuando alterações às regras existentes que não se demonstram eficazes em vez de ficarmos a contemplar a alteração dos comportamentos e a dissertar sobre causas e nada fazer. Em resumo, o abstencionismo não é «o» problema. O problema é saber como se pode reduzi-lo de forma pragmática, sabendo que nunca será 100%, eliminado pois ele tanto inclui desinteresse e desilusão como também incapacidade para alguns e protesto silencioso para outros! O que é estranho é que «falam, falam, falam, mas …. (isso mesmo)!»

Paulo Finuras

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