segunda-feira, 19 de maio de 2014

Vou lançar uma marca e quero comprar uma palavra jeitosa

Desconheço ainda – mas vou estudar – como funciona o registo de uma marca.

A autorização do nome proposto obedece a que regras? Não podem ser nomes iguais ou parecidos? Não podem ser nomes de pessoas, de outros seres vivos? Ser o nome de locais e geografias? serem conceitos que são patrimónios civilizacionais, tipo religiosos, morais, éticos, estéticos, culturais.....?

Será que eu posso lançar uma marca, com por exemplo o nome “Amor”?

Imaginemos que autorizam (e dá a parecer que sim) e que essa marca representa um produto de consumo de massas, pode ser na área do entretenimento.

Eu tenho muito dinheiro para gastar numa campanha de comunicação, divulgação e publicidade à larga escala, e pela exaustão dos meios utilizados consigo entrar na cabeça das pessoas e deixar esse nome associado e impregnado para sempre ao produto em causa.

Cada vez que um ser humano tiver um arrebatamento de amor, pela sua amada, pelos seus filhos, pelos animais domésticos, por um outro qualquer fenómeno mais genérico da natureza, imediatamente se lhe sobrepõe a imagem do produto.

Eu na realidade, amar amar, são os meus, mas por imperativos subliminares, quando olho para o Francisco e para a Madalena, só me vem à cabeça o logótipo daquele negocio do entretenimento, que eu tão habilmente soube lançar no mercado com a marca “Amor”.

Portanto se eu tiver muito dinheiro e bons contactos, com a ajuda de “facilitadores” posso comprar a palavra Amor e fazer dela propriedade minha. E daí a ser dono da língua é só uma questão de dólares.

Nós (nos) é um pronome pessoal, e como indica, pertence a todos.

Nós sou eu, tu e o amigo que aparece juntamo-nos em nós, somos cúmplices nesse trato familiar.

Nós não devia estar à venda,  porque não é de ninguém mas de todos, ninguém em particular pode ceder a utilização desse pronome, sem autorização de todos os outros, neste caso nós.

Da minha língua a parte que me cabe em herança não cedo, não está à venda, façam portanto o favor de me tirar dessa sociedade em que não assinei contracto.

E podem até vir a ter o maior dos sucessos e facturarem milhões mas comigo não, não me enganam, por mais perversamente que os génios da publicidade embrulhem em relampejos de criatividade, a manipulação ao consumidor.





Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.