Embora confesse que o actual SG do PS,
Seguro de seu nome, nunca me transmitiu "segurança", lamento
pessoalmente aquilo porque está a passar, pois parece-me pessoa séria e
civilizada. Mas na política isso não chega, até diria que são características
pessoais complicadas para uma carreira de sucesso na política. Na política de
hoje, aqui em Portugal e lá fora, não há lugar para "gajos
porreiros"(GP). E António José Seguro parece um GP. Pode até não ser, mas
parece, e na política, basta parecer para se ser. Como ele, nos últimos 40 anos,
e como PM ou aspirante, só me lembro de outro GP, Guterres de seu nome. Mas
esse não era um político de profissão, um "jota", como hoje se diz.
Tinha lugar e profissão de recuo, o que lhe deu outra dimensão e estatuto. Mas
no final, quando proferiu a célebre fase do "pântano", viu-se que
tinha sido GP a mais. E foi isso que o fez atolar no "pântano", tendo
saído com custos para ele próprio, e para o País. Mário Soares, Francisco Sá
Carneiro, Cavaco Silva, Durão Barroso e até Santana Lopes, nada tiveram de GPs.
Sócrates, para mim pelo menos, foi o mais antípoda do GP. Isto dos GPs é um
assunto sério, porque o GP gosta do consenso, não gosta de afrontar. Lembram-se
que com Guterres, foi essa ânsia do consenso que o liquidou como PM, embora eu
reconheça que por exemplo numa Presidência da República, ser GP, como ele é, ou
também Marcelo Rebelo de Sousa, são atributos importantes, dada a natureza não
executiva do cargo. O GP gosta de discutir tudo, para gerar o maior consenso
possível, antes de decidir, e isso normalmente atrasa ou impede até a decisão
oportuna. E salvo melhor opinião, na actual situação do País, e até na UE, não
há lugar para mais políticos GPs. Veja-se o caso de Itália, em que um quase
desconhecido autarca de Florença, deu nas vistas por falar pouco e fazer muito.
Ei-lo como PM de Itália, confirmado popularmente com uma boa votação nas
europeias. "Afastou" todos os anteriores políticos
"profissionais" e tradicionais. Tem uma nova forma de fazer política,
com coragem, boas ideias e muita, muita determinação. É disso que precisamos no
nosso País. Será António Costa capaz disso? Já hesitou anteriormente, e isso
foi mau, porque hesitação na política é um "handicap". Esperemos que
agora não falhe o seu corajoso desafio, e que António José Seguro, confirme
agora que é um GP, facilitando que o Congresso ouça agora os militantes, tal
como ele reivindicou ouvir o povo em eleições antecipadas (assunto bem mais
complexo do que o as "directas" no PS).
OBS. Publicado na íntegra na edição do "Público" de 31 de Maio de 2014.
Já não bastava a real situação do país, com uma dívida impagável, que toda a gente atenta vê, mas que os responsáveis vão empurrando para a frente até chegar à parede, que chega, inopinadamente, mais uma confusão lançada dentro do PS, transbordando para o resto do país. Deste imbróglio, não prevejo nada de bom quer dentro, quer fora do país. Como todos sabemos, o nosso crédito financeiro continua no rating de lixo, e esta situação de insegurança não facilita uma melhor apreciação. Os últimos governantes, criados nos alfobres dos jotas e nas estufas do amigalhaço, não têm capacidade, nem prestígio, para dirigir um país numa situação normal, quanto mais na enfermaria em que se encontra. Daí, que os políticos que nos levaram à desgraça, estejam com Costa ou com Seguro, se houver qualquer reviravolta no PS, em nada melhorará a situação, pois são todos da mesma escola. Este é mais um episódio da nossa triste vida política e da falta de visão dos grupelhos, pois quem julga, que o PS, com Costa teria melhor resultado, assenta o seu raciocínio no campo das hipóteses e isso não é inteligente, pode até ser apenas puro oportunismo. Esta situação, vista no estrangeiro, não deve ser favorável nem prestigiante para o nosso país. Concordo com o que o Manuel Martins diz, e junto mais estes elementos analíticos.
ResponderEliminarCaro Joaquim, como sempre, ou quase sempre, louvo-me nos seus inteligentes e doutos comentários. Abraço
ResponderEliminarHoje vi e ouvi o GP Seguro na TVI. Fiquei completamente atónito. O homem estava transfigurado! Nunca o vi assim, e devo confessar, já não é o GP que foi durante todo o consulado do Sócrates (escondido na última fila da sua bancada parlamentar, para não se comprometer), nem depois de ser já SG. Até parecia o "animal feroz", de que falava o "grande líder", seu antecessor. De GP já não resta nada. Foi picado e respondeu. Só lhe fica bem.
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