Podemos ver as coisas assim:
Somos dois, ele nem me pergunta nada, diz simplesmente
“queremos dois gelados com sabor a chocolate e amêndoa”. Não respondo e como o
gelado que ele escolheu, que eu não escolhi porque não o quis fazer. Não gosto
nem de um nem de outro sabor ,mas abstive-me.
Vamos ao cinema. “o que queres ver?”. “não sei escolhe tu”.
Era um filme musculado, de acção, eu sou dado a coisas mais românticas, mais
leves. Mas olha, já se passou, já está. Abdiquei de dar opinião quando víamos
as opções em cartaz no jornal. Teria sido mais agradável se tivéssemos escolhido
juntos mas abstive-me.
No restaurante nunca escolho, aceito geralmente as propostas
do empregado. Umas vezes gosto, outras não. As vezes sou enganado, dinheiro deitado à rua. Abdico da decisão de
escolher, porque me dá trabalho e acaba por ser tudo igual.
Nesta eleições não me apetece votar, não acredito neles, são
sempre os mesmos, vá ou não , vai ficar
tudo na mesma, não vale a pena. Vou aproveitar para ficar em casa e à noite
vejo na televisão.
Ou então, também as podemos ver assim:
Somos dois, entramos na geladaria e quando ele vai escolher
o gelado, escolhe o seu e eu escolho o meu. Sentamo-nos cá fora se fizer sol e
divertimo-nos a degustar um saborosíssimo gelado juntos. É bom termos as nossas
preferências individuais e desfrutar o prazer da companhia de um bom amigo.
Vamos ao cinema. “o que queres ver?”. “Da última vez
escolheste tu, um filme de acção, hoje escolho eu”. “Vamos ver esta comédia
romântica, é levezinho, dispõe bem e
limpa a cabeça das arrelias da vida”. “Combinado vamos!”.
No restaurante aprecio as sugestões de um bom profissional
que me explique bem as opções, a seguir escolho. Gosto de variar, umas vezes
peixe, outras carne, e ultimamente nem uma nem outra, não sei anda-me a
apetecer mais vegetariano.
Não me apetece votar, não acredito neles, são sempre os
mesmos, alternam sempre os mesmo, são vazios, não têm ideias, são muitos
perigosos, mas eu vou votar porque o meu voto é decisivo para mim, para os meus
filhos, para a continuidade deste local simpático e agradável onde vivo.
Podemos sempre ver de várias maneiras, o que é bom, dá
perspectiva. Na diversidade de opinião está a riqueza.
Pessoalmente eu gosto sempre de ter ( e poder ter) uma palavra, que é o ângulo com que me espelho
nas coisas e que é a identificação da minha identidade.
Por isso em todos os locais onde vou escolho sempre, não
renuncio nem me abstenho, e não gosto de ficar em casa a ver televisão.
No Domingo faça sol ou nem por isso, vamos aos gelados?
Luis Robalo
Ir votar sem dúida, é um dever como cidadãos.
ResponderEliminarMas dado não haver escolha, a opção será votar em todos, de uma vez!
Augusto
Cada um é como cada qual, e o que é preciso e necessário, é que se proceda em consciência. Se fosse tudo para o mesmo lado o barco afundava. E viva a liberdade!
ResponderEliminarParabéns, amigo Luis Robalo. o seu texto sem querer impingir ideias, é bastante esclarecedor: gostei da sua metáfora: "Domingo faça sol ou nem por isso, vamos todos aos gelados " E como tal eu fui no Domingo dia 25 aos "gelados" e não me arrependi. O meu cheirava a cravos de Abril. E viva a Liberdade de voto!
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