Temos uma justiça surreal, uma saúde surreal, uma democracia surreal ( em que dois terços dos deputados da AR não sabem quem são os seus eleitores, nem conhecem a região que representam, porque são suplente, dos suplentes , dos suplentes, daqueles que inicialmente se sujeitaram a sufrágio.
Mas somo também um país surreal em termos de Educação - eu já suspeitava que assim fosse mas nunca pensei que a hipocrisia, cinismo e a falta de respeito pelos alunos ( que em primeira instância a escola tem que proteger ) chegasse a estes extremos.
Esta crónica foi despoletada pela notícia da menina que foi duas vezes violada pelos mesmos colegas, mas não é sobre ela que quero falar, até porque o que se passou com esta criança é de tal forma aberrante que se tornou claramente um caso de polícia e judicial. Espero que destas vez cumpram o seu papel de forma exemplar.
Quando digo que foi despoletada por ela é porque desde a algum tempo tenho tido conhecimento de casos de assédio dentro das nossas escolas, que não estão a ter o tratamento devido por parte das instituições - pelas escolas em primeira instância e depois pelos país das vítimas, que por medo e por se aperceberem da impunidade que rodeia os infractores receiam que as queixas se virem contra eles e seus / suas filhas ( os ).
E a verdade é que em muitos casos têm razão para ter medo, porque é mesmo isso que acontece...e sabem porquê?
Em primeiro lugar porque os agrupamentos são em muitos casos dirigidos por cobardes e "yes men" "yes girls", ao serviço do sistema e em segundo lugar ...e isso é que revolta até às entranhas, é que levar por diante uma queixa de um aluno/a implica o despoletar de um conjunto se procedimentos que pode por a escola nas "bocas do mundo " e levar a que o "ranking da escola baixe".
Existirá coisa mais surreal que isto ?- o ranking de uma escola é mais importante do que integridade física, moral e psicológica dos seus alunos, que num abrir e fechar de olhos passam de vitimas a agressores, pela forma como são intimidados, amedrontados e achincalhados por quem os devia defender.
Isto passa-se com o fenómeno do bullying, com o assédio sexual por parte de colegas , professores(as) e funcionários(as) e na maior parte dos casos ou é abafado ou os alunos são objecto de coação e humilhação muitas vezes pública.
Tenho consciência que o tema é delicado e não pode nem deve ser analisado de forma leviana, mas há que estar atento porque estão a passar-se coisas "feias" nas nossas escolas e a maioria de nós fica calado, ou porque não envolve os nossos ou porque envolve situação cujos meios de prova são muito complicados de obter.
Percebo tudo isso, mas não percebo que em nome de rankings e quadros de mérito se humilhem e destruam vidas de jovens que ousaram queixar-se.
Em que farsa vivemos nós, afinal ?
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