quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

dois poemas

a MIGUEL TORGA

Face talhada em granito
E vontade inquebrantável,
Parece-me, por vezes, mito
O seu pensamento indomável.

Vejo-lhe sulcos profundos
Iguais à sua paisagem,
Ramificando mundos
Tal e qual a sua imagem.

a MANUEL DA FONSECA

Face serena, em quietude,
Igual à sua paisagem,
Para a qual tem atitude
Mesmo igual à sua imagem.

Serena seara ao vento
Que por vezes se enfurece,
Gritando o seu lamento
Quando o trabalho fenece.

in O LIVRO EM BRANCO – páginas 98 e 100 – coligidas antes de outubro de 1988


José Amaral

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