A partir dos anos quarenta do século passado era muito
perigoso alguém sintonizar a sua telefonia na Rádio Moscovo. A Pide não se
compadecia com quem ousasse ouvi-la, pois, a Radio Moscovo ‘não’ falava a verdade.
Depois, nos anos da sofrida Guerra Colonial, ouvir a Rádio
Argel podia causar graves consequências em quem a ouvia, mormente nos soldados
que estavam em campanha.
E hoje em dia, quem fala a verdade? E quais as consequências
de e para quem ouve palradores oficiais, semioficiais, falando em nome pessoal
ou oficial, ou em nome da ‘voz do dono’?
Assim, a senhora ministra da Justiça vê com bons olhos – ou será
míope? – a legalização das drogas leves, enquanto o senhor primeiro-ministro -
falando em nome de quem? -, diz que ela falou em nome pessoal, enquanto ele, acerca
das propostas do neófito governo da Grécia, para resolver os seus graves
problemas financeiros, afirma que são ‘contos de crianças’.
Entretanto, a mesma senhora ministra da Justiça quer fazer aprovar
uma lei que impeça os advogados de exercerem a sua profissão quando estejam a
desempenhar funções públicas nas autarquias. Mas esquece-se dos deputados que,
sendo advogados, estão ao mesmo tempo a exercer a profissão em escritórios de
alto gabarito profissional, lesando muito mais o sector público que o privado. Se
assim não fosse, não estaríamos na desgraça colectiva de pés rapados como nos
encontramos: uns quase sem-abrigo da EU.
E, para terminar sobre a questão de quem fala em nome de
quem, temos o concidadão Miguel Frasquilho que, conforme uma notícia de hoje
veiculada num jornal diário, em que o título é ‘Portugal na mira de
investidores mundiais’, diz que ‘os investidores estrangeiros estão muito
receptivos a oportunidades e mais focados na aquisição de empresas nacionais, e
que valorizam o facto de em Portugal não terem nascido forças políticas extremistas’.
Mas, terá falado em que nome: pessoal, como deputado, como
líder de um escritório de advogados, ou em nome do partido de que faz parte?
Não, falou como presidente da AICEP – Agência para o Investimento
e Comércio Externo de Portugal, vendido a retalho.
José Amaral
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