sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

em O LIVRO EM BRANCO - páginas 78, 79 e 80

Os filhos pródigos visuais

O espelho
e outros seus sucedâneos
são os filhos pródigos visuais.

Eu estou baço
E os meus sucedâneos também.

Seremos nós                    Humanidade
os filhos pródigos sucessivos sucedâneos?

Regressaremos
ao ponto de partida ou da chegada?


Invisíveis vampiros

Já não é dia
a noite ainda se agita

há vampiros recolhidos           outros não
o sangue adormece em corpos em ponto morto

estou na horizontal
da perpendicular linha imaginária

tenho calçada a cabeça
e vejo sem olhos
e ouço o meu corpo
trabalhando mansamente.


Estou só ou não?

Hoje estou só           neste momento.

Não sei se sei a que levará tudo isto
mas só sei que aqui estou só
                                     ou não?
(feito, este poema, enquanto esperava, no Teatro Rivoli, o começo de uma reunião geral de trabalhadores bancários)

(nota – poemas coligidos até outubro de 1988)


José Amaral

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.