Há cerca de
dois anos renovei o bilhete de identidade, foi-me atribuído o novo, designado
de cartão do cidadão.
Há poucos
meses mudei de residência, dirigi-me ao centro de identificação para proceder à
alteração da morada.
A funcionária
que me atendeu introduziu o cartão numa máquina e disse-me que o cartão estava
avariado.
Surpreso e
indignado disse-lhe que o cartão não estava partido, amassado, arranhado, não
apanhou água, apenas anda no bolso do meu casaco.
Ela respondeu-me
que o micro chip do cartão é muito sensível, tem acontecido o mesmo a muitas
pessoas, não tenho direito a reclamar, a única solução é tirar um novo.
Inconformado
anui.
Pelo caminho
ia a pensar no seguinte:
O atual
cartão do cidadão engloba quatro cartões, o cartão de identificação, o cartão
de contribuinte, o cartão da segurança social e o cartão do utente de saúde,
logo o estado poupa na emissão de três cartões que foram extintos.
E as pessoas
o que lucram com isso?
Nada, pelo contrário
pagam pelo atual cartão o dobro do antigo bilhete de identidade, pior ainda, o
prazo de validade foi reduzido para metade, além de que não dispensa que se
tenha de pagar certidões para tratar diversos assuntos.
Este novo
documento é semelhante á carta de condução e ao passaporte, mais caros,
validade mais curta e pelo que se constata facilmente deterioráveis.
O senhor
doutor Mário Soares afirmou outrora que o povo tem o direito á indignação e á
contestação, assim como o senhor professor Aníbal Cavaco Silva afirmou no
passado recente que as pessoas devem ser mais exigentes com as instituições públicas
e com quem os governa, apraz-me registar estas declarações vindas de duas
personalidades cimeiras da história democrática portuguesa.
Acontece que
a primeira citação deve consumar-se sempre que as instituições públicas e os governantes
erram reiteradamente, desfraldando quem os elege.
E já agora
quando for renovar o seu bilhete de identidade é fotografado, se isso lhe aumenta
o ego e o consola, não pense que está mais uma vez a ser espoliado e sorria
para a máquina fotográfica.
Com amizade.
Araujo.
Tem razão. Mas o pior é inacreditável falta de qualidade da foto. Involuímos da foto a cores para a foto a preto e branco em que parecemos uns criminosos da Cadeia da Relação. Pelo menos eu. Quando fui levantar o meu, assustei-me com a cara do gajo do meu próprio cartão!
ResponderEliminarCom a vontade de destruir o passado e criar "coisas novas" o PS de José Sócrates fez muitas coisas em cima do joelho. o Cartão de Cidadão é um exemplo disso. Uma mulher não é cidadão, é cidadã. Uma criança até aos 18 anos, ainda não é um cidadão, dado que um cidadão tem direitos e deveres e a criança só tem direitos. Obrigar a uma pessoa, com mais de 65 anos, que está paralisada, a ter de se deslocar a uma repartição para renovar o cartão de cidadão, é um abuso, dado que o BI anterior se tornava vitalício a partir dos 65 anos. Já escrevi, mais de uma vez, sobre este assunto, mas ninguém, que tenha interferência na na alteração, ligou alguma importância. Vamos ter esperança que estes erros se emendem, dado que são demasiado evidentes.
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