domingo, 8 de fevereiro de 2015

O cartão do cidadão.

Há cerca de dois anos renovei o bilhete de identidade, foi-me atribuído o novo, designado de cartão do cidadão.
Há poucos meses mudei de residência, dirigi-me ao centro de identificação para proceder à alteração da morada.
A funcionária que me atendeu introduziu o cartão numa máquina e disse-me que o cartão estava avariado.
Surpreso e indignado disse-lhe que o cartão não estava partido, amassado, arranhado, não apanhou água, apenas anda no bolso do meu casaco.
Ela respondeu-me que o micro chip do cartão é muito sensível, tem acontecido o mesmo a muitas pessoas, não tenho direito a reclamar, a única solução é tirar um novo.
Inconformado anui.
Pelo caminho ia a pensar no seguinte:
O atual cartão do cidadão engloba quatro cartões, o cartão de identificação, o cartão de contribuinte, o cartão da segurança social e o cartão do utente de saúde, logo o estado poupa na emissão de três cartões que foram extintos.
E as pessoas o que lucram com isso?
Nada, pelo contrário pagam pelo atual cartão o dobro do antigo bilhete de identidade, pior ainda, o prazo de validade foi reduzido para metade, além de que não dispensa que se tenha de pagar certidões para tratar diversos assuntos.
Este novo documento é semelhante á carta de condução e ao passaporte, mais caros, validade mais curta e pelo que se constata facilmente deterioráveis.
O senhor doutor Mário Soares afirmou outrora que o povo tem o direito á indignação e á contestação, assim como o senhor professor Aníbal Cavaco Silva afirmou no passado recente que as pessoas devem ser mais exigentes com as instituições públicas e com quem os governa, apraz-me registar estas declarações vindas de duas personalidades cimeiras da história democrática portuguesa.
Acontece que a primeira citação deve consumar-se sempre que as instituições públicas e os governantes erram reiteradamente, desfraldando quem os elege.
E já agora quando for renovar o seu bilhete de identidade é fotografado, se isso lhe aumenta o ego e o consola, não pense que está mais uma vez a ser espoliado e sorria para a máquina fotográfica.

                                                                                Com amizade.

                                                                                     Araujo.

2 comentários:

  1. Tem razão. Mas o pior é inacreditável falta de qualidade da foto. Involuímos da foto a cores para a foto a preto e branco em que parecemos uns criminosos da Cadeia da Relação. Pelo menos eu. Quando fui levantar o meu, assustei-me com a cara do gajo do meu próprio cartão!

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  2. Com a vontade de destruir o passado e criar "coisas novas" o PS de José Sócrates fez muitas coisas em cima do joelho. o Cartão de Cidadão é um exemplo disso. Uma mulher não é cidadão, é cidadã. Uma criança até aos 18 anos, ainda não é um cidadão, dado que um cidadão tem direitos e deveres e a criança só tem direitos. Obrigar a uma pessoa, com mais de 65 anos, que está paralisada, a ter de se deslocar a uma repartição para renovar o cartão de cidadão, é um abuso, dado que o BI anterior se tornava vitalício a partir dos 65 anos. Já escrevi, mais de uma vez, sobre este assunto, mas ninguém, que tenha interferência na na alteração, ligou alguma importância. Vamos ter esperança que estes erros se emendem, dado que são demasiado evidentes.

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