“Os homens do êxito”
É tão
excitante vê-los,
Tão ligeiros,
tão felinos,
Tão bem
seguros de si,
No seu andar
apressado.
Usam sempre
pastas bem cheias,
Pois tal é
essencial,
Transportando
inutilidades,
Velharias ou
algo igual.
Não saem à
hora certa,
Pois não têm
horas pra nada,
Mas coincidem
a saída
Com a do seu
‘super star’.
Nunca se
espantam com nada,
Seja o que
for anunciado,
Pois sentem-se
‘up to date’
Em tudo que
julguem moda.
Usam, na
linguagem, locuções
Americanas,
cheias de tecnologia,
Espantando os
demais
Com tanta
sabedoria.
Vestem a
celebérrima camisa
De colarinho
branco engomado
E o restante
às riscas
Pondo à
margem os mortais.
E o heráldico
emblema
Na lapela do
casaco?
É por de
mais o dilema!
Só queria
ter um buraco.
Quando pensam
em férias
É por questões
de saúde …
Pois isto
cai-nos tão bem,
Como caca em
merda dura.
Fico, de
facto, excitado,
Quando os
vejo caminhar,
Pois não sei
o que fazem
Estas mentes
de pasmar.
Pasmem,
pois, caros leitores,
Com estes “homens
do êxito”,
Sabem tudo
do nada
E do nada
sabem tudo.
nota – poema
coligido até outubro de 1988
José Amaral
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