Hiena (CC0 adaptado de pixabay.com) |
Compreendo que uns concordem e outros discordem, que se preveja de tudo e o seu contrário. Mais estranho é que haja uns quantos, mais que bastantes, que parecem desejar o falhanço grego.
Quem deseja o estalar de ossos no fundo rochoso do abismo são as hienas; para se banquetearem, chafurdando no sangue da desgraça alheia; para tolher de medo a próxima vítima.
E desejam-no as carraças, acaçapadas atrás da mandíbula, subservientes à sua hiena, sugando a sua quotazinha de sangue.
A hiena
Gosta dos blindados imobilizados no deserto
Porque as suas tripulações estão mortas
Ela pode esperar
Ela espera
Até que mil e uma tempestades de areia tenham corroído o aço
Então chega a sua hora
A hiena é o animal heráldico das matemáticas
Ela sabe que não deve haver resto
Seu deus é o zero
Hiena,
por Mão Morta, adaptado de Heiner Müller
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