Raízes do meu sítio
Vivo cheio
de incertezas
Em solilóquio
profundo,
Como cândida
manhã
Em dia de
grande verão,
Não esperando
a trovoada,
Que subitamente
aparece
No quadro da
minha infância,
Libertando fragrante
odor
De terra
lavada e fecunda.
Sinto-me, pois,
limpo
Da mácula
ancestral,
Arcando,
agora,
Com a mágoa
actual.
A Lua na
Terra
A Lua no seu
feitiço
Tem algo de
encantar,
Mas por
vezes o toutiço
Acaba com o
sonhar.
A Lua já foi
feitiço
Lugar de
tanto amores,
Mas também
já foi enguiço
E lugar de
muitas dores.
O feitiço da
Lua acabou
E os poetas
abalaram,
O sonho dela
voou
E nunca mais
a cantaram.
O Homem pôs
lá o pé,
A Lua perdeu
o mito,
Agora não
anda o Zé
Sonhando o
infinito.
nota –
poemas coligidos até outubro de 1988
José Amaral
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