Não tenho acompanhado
com grande atenção os debates televisivos relativos à campanha eleitoral, para
o mais alto mandatário da República Portuguesa. Dir-me-ão vocês: que sorte a
minha! Efectivamente considero-me um sortudo, por me ter poupado ao doloroso
exercício de televisionar os ditos debates. Ainda assim, tive o azar de ver
alguns. Os quais me decepcionaram profundamente pelo facto de neles sobressair,
principalmente entre os candidatos mais fortes, argumentos falaciosos, como,
por exemplo: o ataque ad hominem. Este
tipo de falácia ocorre quando os candidatos se centram em fazer ataques
pessoais, desviando o que deveria ser o centro do debate, para questiúnculas,
sem qualquer tipo de interesse para os desgraçados que como eu tiveram o
infortúnio e a heroicidade de ver algum debate até ao seu término. Perante esta
ficção eleitoral, pergunto-me como querem estes candidatos ser levados a sério
pelos eleitores (isto partindo do princípio que alguém os vê). Ainda, não vi nem
ouvi, discutir até agora questões fundamentais, tais como: qual a posição dos
candidatos perante o sistema neoliberal dominante no mundo? O que fazer para
deixar de tratar a saúde e a educação como mera mercadoria? Qual o nosso papel
na União Europeia? Ou ainda, qual a posição do Presidente da República numa
altura em que se tenta transferir riqueza do sector público para o privado?
Do pouco que vi,
parece-me que o Professor Marcelo que nunca ambicionou ser Presidente da
República, parte na Pole-Position.
Contudo, noto-o um pouco crispado nos debates com os principais opositores, optando
por uma política do “chico-esperto” onde o que importa não é discutir qual a
visão de futuro para um país fortemente endividado, mas, sim, denegrir a imagem
dos seus opositores. É a política do espectáculo à moda dos reality-shows.
Já o nosso Povo, tal
como nos disse Guerra Junqueiro, que parece que nasceu ontem, continua:
“imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo.” Por
isso, aquele que quiser ocupar a cadeira tão apetecível do Palácio de Belém e
fazer frente ao todo-poderoso Professor Marcelo que sempre jogou no dream-team da política portuguesa, com amigos
insuspeitos, deve preocupar-se em questioná-lo em como se especializou em ler
tantos livros na diagonal, ou, o porquê de dormir só três horas por noite quando
os dias têm vinte e quatro!
Nuno
Abreu
Amigo! Todos esses assuntos que refere, já foram e vão continuar a ser mencionados por alguns candidatos...
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