De há uns tempos para cá, cada vez que o meu carro arranca,
uma aplicação no telemóvel acorda e tenta adivinhar para onde vou, calcula o
caminho, estima o tempo da viagem e informa-me sobre as condições do trânsito.
Para isto ser possível, estarão a ser gravados algures os
meus padrões de deslocação. Isto incomoda-me. Não me recordo de ter dado
autorização expressa para isso em momento algum. Começou espontaneamente após
uma atualização qualquer. Constatei posteriormente, tratar-se de uma aplicação
do “sistema”, que nem sequer descarreguei especificamente. Após investigação,
encontrei então registados no aparelho os locais identificados como frequentes,
com todo o detalhe das datas e horas de entrada e saída.
Incomoda-me “ser seguido” e essa informação ser registada.
Há sempre a opção de ignorar as sugestões, sempre feitas com o nobre intuito de
“nos ajudar”, de “melhorar a nossa experiência”, só que esse ignorar tem os
seus limites. Quando alguém sabe algo (muito) sobre nós, para lá do que a nossa
consciência assume, tem uma capacidade de influência maior do que imaginamos.
A minha qualidade de arbítrio depende de uma certa isenção e
pluralidade da informação que me chega. Ficará comprometida quando, sem
consciência disso, algo me observa … e, parte mais grave, me tenta dirigir!
Esta brutal e não autorizada recolha de informação sobre onde passamos, onde
almoçamos, o que compramos, o que lemos, etc., é uma ferramenta de modulação da
sociedade … não controlada.
Carlos J F Sampaio, Esposende
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