Não sei porquê mas esta noite acordei várias vezes com a
mesma frase na cabeça e tenho andado todo o dia com ela a remoer-me os
neurónios.
A frase, que na realidade são apenas duas palavras remete para
parte da homilia que o Papa Francisco fez em Lampedusa já há vários meses sobre o que ele denominou "globalização da
indiferença".
“Neste mundo da globalização, caímos na globalização da
indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não
nos interessa, não é responsabilidade nossa”.
A intervenção deixou duras críticas ao que Francisco
denominou como “globalização da indiferença” provocada por uma “cultura do bem
estar” que leva as pessoas a viverem em “bolhas” na ilusão “do fútil, do
provisório”.
Não sei porque é que precisamente hoje estas duas palavras
não me saem da cabeça, mas a verdade é que acordei triste e tenho andado todo o
dia "incomodada". Talvez por ser o primeiro dia de trabalho deste novo ano e a dura realidade do quotidiano me ter voltado a entrar pelos olhos dentro.
Poderia ter sido outra pessoa a fazer estes comentários, não
interessa o autor, o que interessa é a dolorosa verdade que esta reflexão
encerra e a "indiferença" que esta "indiferença" provoca.
Tenho que me preparar para continuar a ter momentos de
tristeza e para continuar a ter força e perseverança para acreditar que um dia
iremos mudar - que passaremos da "globalização da indiferença" para a
"globalização do afecto ".
Muito de vós acharão que é absurdo ou mesmo ridículo assim pensar, mas eu sou como sou e cada dia que passa me convenço mais que sem cultura de afecto somos muito "poucochinho" como agora parece estar na moda dizer.
Graça Costa
Profunda reflexão sobre a maneira como as pessoas deixam correr o dia-a-dia. Na verdade, sem nos apercebermos, deixámos que o egoísmo, o egocentrismo, temperassem esta nova sociedade que se diz culta e tecnologicamente evoluída. O homem, cada vez mais ligado ao mundo através das tecnologias, está cada vez mais distante entre si. Parece um contracenso, mas é uma evidência. A indiferença campeia e é um condimento que tempera o estado social.
ResponderEliminarque belo complemento ao meu devaneio / reflexão.
Eliminarfico-lhe grata.
Obrigada.
Absurdo? Ridículo? A Graça pôs o dedo na principal ferida da humanidade: a indiferença.Ainda bem que acredita que um dia iremos mudar. Se isso não acontecer, a indiferença aniquilará esta civilização.
ResponderEliminarObrigada pelo apoio. Sinto-me quase sempre a remar contra a maré e estes "reforços positivos" são um enorme bálsamo para não me resignar.
EliminarConcordo inteiramente com a sua opinião, obviamente.
Bem haja.