sábado, 24 de agosto de 2019

A propósito dos "livros de férias"

Vem isto a propósito dum velho hábito, que se repete, das escolhas tornadas conselhos, que muitos jornais fazem. Aqui vou falar dos "vícios" em que eu próprio vou cair. Lembro-me bem de, há um "par" de anos, Carlos Fiolhais ter indicado duas mãos cheias de livros - todos científicos e filosóficos - que levaria consigo para uma semana de veraneio... num tempo em que ainda não havia McBook. Quem acredita, por muitas qualidades que tenha o professor? Este ano, julgo que já em Agosto, o PÚBLICO perguntou a várias personalidades quais as suas escolhas e aquelas fizeram-no de bom grado, indicando, no total, uma boa trintena de livros... dos quais ( pobre de mim...) eu nem sequer sabia da existência, excepto, em rodapé, o último de Elena Ferrante. Uns dias mais tarde Mariana Mortágua, conhecida política do BE, escolhe três ou quatro os quais - pasme-se! - são motivo  de crítica abusiva em artigo de João Miguel Tavares porque... ou a escolha é possidónia politicamente ou a senhora é uma "chata" porque nem em férias larga a sua ideologia!
Chegou aminha vez de cometer o "pecado", venial... porque não pretende ser conselho. Desde o início do Verão li os seguintes livros: Carne Crua (Rubem da Fonseca), A Invenção Ocasional (Elena Ferrante), Serotonina ( Michel Houellebecq), A História de Uma Serva (Margaret Atwood)), O Macaco Bêbedo Foi à Ópera ( Afonso Cruz), Becoming (Michele Obama), A Única História (Julian Barnes), Que Importa a Fúria do Mar ( Ana Margarida de Carvalho), Olga (Bernard Schlink) e Máquinas como Nós ( Ian McEwan). Todos bons, permitindo-me destacar, por pura subjectividade minha, espiritual e estética, os dois últimos.
Agora vou mesmo iniciar o "A Era dos Muros" ( Tim Marshalll). O que me tenta é a "entrada nos infernos" dos dias de hoje, física e simbólicamente. Porque nunca esquecerei, tristemente, a factual travessia do Muro de Berlim que fiz, com mais doze pessoas, no início dos anos 80. Onde os guardas ditos "democráticos" entraram aí umas seis vezes no autocarro para fazerm sempre a mesma coisa: pedir o passaporte e espreitarem para debaixo das cadeiras... O poder exerce-se... mesmo quando tem "pés de barro", não é?

Fernando Cardoso Rodrigues

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