Gente extraordinária...
Tinha acabado de cumprir o serviço militar quando fiz exame
de condução, pelas ruas do Porto, que me habilitou a conduzir motociclo, que
era o meio de transporte próprio que tinha planeado comprar, por estar mais
acessível à minha capacidade económica; todavia, alguém que gostava de mim
alertou-me para o erro que cometia, pois já tinha uma criança e vinha outra a
caminho, que não poderia transportar em segurança e comodidade para lado
nenhum.
Assim, convenceu-me a tratar da carta para conduzir automóvel e emprestou-me o
suficiente para dar entrada na compra de um carrito novo, sugestão que aceitei
sem pestanejar e de que nunca me arrependi; resultou desta mudança de plano
que, “encartado” para conduzir “duas rodas”, nunca mais pus o traseiro em cima
duma coisa daquelas, e não me atreveria hoje a tentar montar aquilo, apesar de
ter ficado na carta o averbamento “motociclos”.
E admiro dois vizinhos que, já próximo dos noventa anos, se
deslocam para todo lado em duas rodas com a mesma agilidade de dois rapazes
cheios de genica, deixando-me a tremer de medo quando, ao cruzarem-se comigo,
me acenam tirando a mão do guiador, o que já me fez pedir-lhes para não o
fazerem porque, se caírem, ainda vou sentir problemas de consciência por ter sido
por minha causa, ao que eles se riem dizendo que a motoreta nunca lhes faria
uma tal desfeita porque já faz parte deles...
Amândio G. Martins
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