“Escrever com o dedo do meio”
Escreve Vítor Santos, Editor-executivo do JN, que a venda de
livros caíu mais de 20% desde 2009, e a recuperação económica não inverteu a
tendência, tendo como consequência que, a médio prazo, enfrentemos um problema
de falta de qualidade na escrita porque – acrescento eu - pelo que se vê, quem ainda vai comprando dá
preferência a tudo quanto seja porcaria.
Que é o que demonstra Sérgio Almeida, no mesmo jornal,
escrevendo que os livros com palavrões no título estão a vender por cá muito
bem, dominando os tops, significando que a linguagem chunga está a seduzir os
consumidores; ficamos a saber que, aliado a ser uma “bosta”, trazer o livro “bosta”
também no título ajuda ao sucesso, o que a mim não surpreende porque,
observando bem, não só os livros, mas seja o que for, valem tanto mais quanto
menos obriguem a pensar.
Com o título “Um palavrão ajuda a fazer um best-seller”?,
Sérgio Almeida refere os nossos Alberto
Pimenta e Miguel Esteves Cardoso, que foram cá pioneiros no uso de títulos
chamativos, e ouviu o consultor editorial Tito Couto, que não augura grande
futuro ao que diz tratar-se de uma moda volátil e já próxima da saturação, que
tem sucesso com um público de massas cada vez mais infantilizado, que reage a
estímulos muito básicos.
Mas não sei se será como diz Tito Couto porque, se tudo
conduz à “infantilização” das massas, o que é vulgaridade vai continuar de vento
em popa; como quer que seja, fico confortável porque, tendo já olhado nos
escaparates os vários títulos que Sérgio Almeida enumera, seduziram-me tanto
como, embora com outras pretensões, os calhamaços do Rodrigues dos Santos...
Amândio G. Martins
Título felicíssimo...
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