Não te
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
NÃO DE
ABATAS, MÃE NOSSA, NÃO DE ABATAS
Não de
abatas, Mãe Nossa, porque estranhos
Servimos a
que outrora derrotámos
Nos campos de
batalha em que inda ecoam
Os gritos de
vitória saudando
Um início dos
tempos em que ao mundo
Novos mundos
de povos e de estrelas
Revelámos com
proa de navios
Em que
vogavam deuses, não os homens
Desanimados,
tristes, que hoje somos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque tantos
Deixam campos
e serras, os seus lares
E as
praias em que ninfas se lamentam
De heróis não
as amarem nem poetas
Cantos de
exaltação lhes dedicarem,
Em que, sendo
teus filhos, te adornavam
De tal novo
esplendor que às outras línguas
Servas tuas
faziam pela Fama;
A bárbaras
nações levam agora
A força de
seus braços, como escravos
Não como para
ensino e do céu guia.
Não te
abatas, Mãe Nossa, porque vês
Na tua própria
terra se perder
A lusitana
antiga liberdade
Que o Vate
celebrou, em nome apenas
Lembrado
pelos mais, que poucos são
Os que em
espírito o têm redivivo
E pronto a
outro canto quando enfim
O renascer
vier que nos liberte.
Pecados
cometemos que expiamos:
Filho à Mãe
abateu, a liberdade
Comprando com
vileza e bruto gesto.
Um rei que só
amor sentir devia
Amor matou em
sossegados campos,
As boninas
regando com o sangue
Que só amar
sabia a quem amava.
Logo outro
rei ao povo que o ergueu
Sofrendo assédios,
fome, desespero,
Só tendo vida
para dar à morte
Se tanto
Pátria sua o exigisse,
Lento foi
dominando, até que o trono
Só esteve ao
serviço da rapina
Que do
germano vem; da dure lei
Que Césares
legaram, de cultores
De ídolos sim
e não daquele Deus
A quem menino
o Povo coroava.
Viu-se um irmão
a seu irmão traír
Para firmar
domínio que mais roubo
Viria a ser
que exemplo de infiéis,
Que mais
terror do mar se tornaria
Que unidade
das ondas sobre as quais
Espírito
Divino pairaria.
Como guerras
levámos a quem só
Tão livre
como nós viver quisera,
Mentindo,
escravizando, atormentando,
Àquele Cristo
que adorar devíamos
Transformando
num anjo de extermínio.
Mas não te
abatas, Língua, que outro tempo
Ao nosso vai
seguir-se, o em que ao Povo
Redimiremos
todos, à miséria
Expulsando
dos corpos e das almas,
Mais livres
os fazendo, por não terem
A posse que
os possui, e o mundo inteiro
Revelando a
quem tem passado a vida
No não mais
que viver a repetida
Morte que dia
a dia lhe é o dia.
Não, não te
abatas, Língua, que aos irmãos
De Ibéria
acordaremos e de novo
Mar de espírito
agora rasgaremos
Às europeias
terras abundantes
Que usura e
desamor juntos fizeram
A si próprias
infensas, e com elas,
À sua frente,
iremos nos juntando
Aos de Áfricas
outrora dominadas
E aos que,
expulsos por nossa férrea idade,
Na quarta
parte nova araram campos.
Não te
abatas, Mãe Nossa, não te abatas,
A todos os do
mundo um canto novo,
Que música
será bem mais celeste
Que a de
esferas fingidas, pois das almas,
Triunfante
virá: Não mais queremos
Sonho apenas
sonhado, mas a vida
Em sonho
transformada, nós aos deuses
Unidos para
sempre, à própria Morte
Vencendo pela
vida em que a mudarmos.
ZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZXZ
Exortação do
doutor Luís António do Vale de Aboim,
De Amarante,
num tempo em que Portugal se encontrava
Submetido ao
mando de outros, como agora…
Sequência recolhida
pelo prof. Agostinho da Silva,
Publicada
pela Nova Renascença, em 1982, e pelo ICALP,
Instituo de Cultura
e Língua Portuguesa, em “Agostinho da
Silva-DISPERSOS,
em 1988.
Gostei muito ter conhecimento deste poema e de o mesmo ter sido recolhido pelo Prof. AGOSTINHO DA SILVA, por quem tinha/tenho muita admiração.
ResponderEliminarObrigado,senhor Amaral
EliminarAmândio G. Martins