domingo, 5 de julho de 2015

Portugal à Frente

Para disputar as eleições legislativas, a coligação de direita baptizou a sua campanha eleitoral por, “Portugal à Frente”.
Dizem os dois partidos, que nos desgovernam há mais de quatro anos, que estão unidos pelo “interesse nacional”, que querem acabar com a “malapata dos tropeções e dos resgates” e querem “melhorar o rating português”.
O nome da coligação de direita soa bem, mas como apenas apregoa que vai pagar adiantado ao FMI e porque não tem uma palavra de consideração e respeito para com os milhões de cidadãos que sobreviveram ao colossal saque fiscal e encheram os cofres do estado para salvar banqueiros que burlaram gente honesta e trabalhadora, “Portugal à Frente” em tempo de bons cheiros a manjericos e alcachofras das festas populares, tresanda a nacionalismo.
Agora, tenho que concordar que nesta Europa da ditadura financeira que, por eufemismo, é tratada por “Europa dos mercados”, que impõe um mar de austeridade sem fim à vista que afunda a economia dos países do sul e enriquece a Alemanha e satélites apoiantes, há muita coisa que Portugal está realmente à frente:
Portugal está à frente:
Na corrupção generalizada dos “donos disto tudo”, no desemprego, na subserviência ao directório da União Europeia.
Portugal está frente na demagogia governamental, na emigração, na injustiça social e judicial, na iliteracia, no desemprego de 50% dos jovens licenciados e na instabilidade da vida das famílias.
Portugal está à frente na monstruosa dívida soberana, nas ruinosas Parcerias Publico Privadas, na agiotagem dos contratos swaps, no trabalho mal pago, etc, etc.
Mas como vivemos numa democracia de amplas liberdades, a coligação de direita “Portugal à Frente” também tem direito ao contraditório:
Portugal também está atrás:
Na saúde, no atraso de anos nas consultas de especialidade, na demora no atendimento nas urgências dos hospitais e nos milhões de portugueses que não têm médico de família, na educação, no baixo aproveitamento no ensino secundário e no elitismo progressivo no ensino superior, nos salários e na redução drástica dos direitos laborais e sociais.


Carlos Pernes
(Samora Correia, 8/6/2015)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.