quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Retirem-se os bigodes

Relativamente ao problema dos refugiados, tenho a certeza de não ter sido eu o único apanhado de surpresa pelas recentes tomadas de posição da sra. Merkel. Não há muito tempo, julgá-las-ia tão impossíveis que, agora, não paro de me interrogar sobre a possibilidade de estarmos a ser “fintados” por tanta generosidade. Será que, nos meandros da política e do poder mundiais, não andará qualquer “coisa” a mexer, sem que disso o comum dos mortais se aperceba, e que conduza a chancelerina a tanta caridade?
Muito recentemente, ela atacava o multiculturalismo, entendia que são ideias que não funcionam. Pensava também que o desígnio dos povos mais não é do que se cumprirem metas orçamentais. Dizia à adolescente palestiniana que a Alemanha não pode receber todos os refugiados e alguns terão que retornar. Parecia implacavelmente punitiva para com os “malandros” do Sul. Em todas as circunstâncias, contudo, sempre impante de uma superioridade rácica que nos fazia pintar-lhe bigodes à Hitler nas fotografias.
Tudo, tudo, e agora isto? Quando a esmola é grande, o pobre desconfia! Mas nem por isso deixo de expressar sincero respeito e até admiração pela disponibilidade de acolhimento demonstrada por aquele enorme país e, sobretudo, por aquele povo que (demasiadas vezes, parece-me) serve de “escudo” às decisões menos felizes dos seus dirigentes. Fico à espera de ulteriores confirmações das políticas alemãs viradas para a Humanidade…

Público, 10.09.2015 (a sublinhado, a parte não publicada).

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