domingo, 4 de maio de 2014

INTRIGA CÓSMICA

Publicado no jornal Diário da Manhã -03/02/12- caderno Opinião Pública de   Goiânia- Go , Brasil -   Site do jornal: http://www.dm.com.br/jornal/#!/mini

     É bastante conhecida e célebre a frase proferida  pelo grande cientista inglês, Isaak Newton, em seu leito de morte: "Se mais longe vi, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes."

     Segundo parte de historiadores científicos, os gigantes mencionados por Newton, teria sido o astrônomo dinamarquês, Tycho Brahe e o alemão, Johannes Kepler,também astrônomo, nos quais, teria ele se baseado para formulação das suas notáveis teorias, que revolucionou o mundo cientifico, com aplicação até nos dias atuais.

     Tycho Brahe (1546-1601), a quem muito deve a ciência moderna. Personagem quase desconhecido pelos nossos estudantes e por grande parte dos próprios  professores de Física, ele é mencionado nos livros didáticos de forma esporádica, tratava-se  de um personagem fascinante, misterioso, a quem a ciência moderna deve as primeiras peças para conhecimento do cosmo.

     Nascido de família rica, tendo fama de se envolver facilmente em homéricas encrencas, sendo que em uma delas, na sua juventude, teria perdido parte do nariz, o obrigando a usar uma prótese de metal,  em outra, que marcou sobremaneira toda sua vida , foi a divergência com o rei da Dinamarca, tendo por isto,  obrigado a se refugiar na cidade de Praga, hoje capital da República  Tcheca, foi nesta época que convidou  Johannes Kepler, para trabalhar com ele.

     Possuidor de uma imensa capacidade de observação, sem precedentes até então, se pôs a observar os céus, sem nenhum instrumento, o telescópio ainda não era conhecido, o fez durante 30 anos, produzindo a chamada Tábuas Rodofinas, com dados astronômicos que ate hoje são utilizados com diferenças irrisórias de milésimos, dados estes, que só poderiam hoje, ser obtidos, com uso de computadores de última geração, interligado a potentes observatórios astronômicos.  Teve também o grande mérito, de apenas com observação a olho nu, obter dados exatos sobre órbita do planeta Marte, dados estes, que foram usados por Kepler, para estabelecer mais tarde, as leis que consagrou este notável alemão.

     Brahe morreu precocemente aos 55 anos, de uma estranha doença, atribuída à época de complicações renais aguda, com envolvimento na bexiga, causando perplexidade, pois até então, era considerado possuidor de  ótima saúde.

     Johannes Kepler (1571-1630), ao contrario de Brahe, nascera em família de poucos recursos, estudando com ajuda da igreja luterana, da qual era fervoroso devoto. Por ser dotado de rara inteligência manifestada no campo da matemática,  foi convocado para ser professor de astronomia, tornando-se pouco tempo, um de seus maiores conhecedores, conseguindo inclusive  aprimorar o telescópio, cuja invenção é atribuída ao grande sábio, Galileu Galilei.

     Kepler teve uma vida de privações e marcada por tragédias, tendo sofrido varíola, quando jovem,  fato que marcou fisicamente o seu rosto e dilacerou sua alma, pelo complexo que lhe acarretou, outro fato relevante, foi ter se casado com uma mulher, de temperamento extremamente ranzinza, fato que lhe causou imenso constrangimento ao longo de sua vida.

     Ao tentar estabelecer o formato das órbitas dos planetas, que até então, era tida como circular, inicialmente não teve êxito por falta de dados concretos sobre estas trajetórias, foi nesta época,  que tomou conhecimento que  Tycho Brahe, tinha estes dados referentes a Marte, por isto, após  vários contatos, conseguiu que aquele astrônomo, lhe convidasse para ser seu assistente, por isso mudou com a família para cidade de Praga, contra vontade da esposa.

     Esta parceria foi bastante conflituosa, muitas vezes instigada pela esposa, que não tolerava Brahe. O ressentimento de Kepler, chegou ao extremo, por ter lhe sido negado o acesso aos dados da trajetória orbital do planeta Marte, movido pela imensa vaidade de Brahe.

     Finalmente após a morte prematura do astrônomo dinamarquês, pode Kepler se apossar dos dados que ele tanto sonhara, e, conceber a trajetória elíptica para os planetas, formulando assim, as leis que imperam na imensidão do cosmo, fato   que contribuiu decisivamente  para  uma das maiores descobertas científicas de todos os tempos.

     Interessante assinalar que Kepler para não desagradar as autoridades religiosas, concebia um sistema planetário totalmente esdrúxulo, em que o sol girava em torno da terra e os demais planetas girava em torno do astro rei.

     Alguns investigadores dinamarqueses, movidos pela curiosidade nata do ser humano, conseguiram exumar o cadáver de Brahe após mais de 400 anos de sua morte, sugerindo que ele não morreu de problemas urinários, como se supunha, mas de envenenamento por mercúrio : níveis extremamente tóxicos foram encontrados nos cabelos de seu bigode, que sobreviveu ao tempo, aventando a hipótese de envenenamento, ou por ter tomado medicamentos contendo impurezas não intencionais de cloreto de mercúrio, ou de ter sido envenenado por terceiros.

     Em 2004 o casal de  escritores investigativos americanos Joshua Gilder e Anne-Lee Gilder, após varias pesquisas com idas e vindas na Dinamarca e Republica Tcheca, escreveu um livro onde assinala haver  evidências substanciais de que Kepler assassinou Brahe ; eles argumentam que Kepler tinha os meios, motivos, e oportunidade, e roubou os dados de Tycho com sua morte. De acordo com os Gilders, seria improvável que Tycho tivesse se envenenado acidentalmente, uma vez que ele era conhecedor da toxidade dos diferentes compostos do mercúrio.


     o livro foi  publicado nos Estados Unidos em 2004, sob o título Heavenly Intrigue: Johannes Kepler, Tycho Brahe- existindo uma edição em Portugal, com o titulo: Intriga Cósmica, editora Aletheia

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