quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

RELATÓRIOS SOBRE A POBREZA MENTEM



Rejubilamos de alegria. Os Ministros sentem aquele orgulho que vem das entranhas, o doce sabor da vitória. Tropeçam de contentamento. Conseguiram, conseguimos pôr um quinto da população deste país  a viver abaixo do nível da pobreza.

No entanto, o mundo move-se: colocámos dívida pública a trinta anos nos mercados. Não nos comparem aos  gregos, trapaçeiros e manhosos. Dizemos e cumprimos, e pagamos, e se for preciso até pagamos antecipadamente, nem que para isso seja necessário  pôr mais dois milhões de portugueses a ganharem menos de quatrocentos euros, que ainda ficam uns quantos milhões a viver acima das suas posses.

As metas são para se cumprir, compromissos são compromissos,  os homens são números, e o que importa é fazer bem as contas.

O governo, e quase todos os políticos em geral estão de parabéns. Merecem o nosso voto, não um mais dois, e em cada quadrado - a dobrar -  para lhes dizermos de forma convencida, o quanto lhes agradecemos, e acreditamos que com o seu excelente e dedicado trabalho ainda iremos mais longe, e pior.

Não temos pão, mas andamos pela Europa de cabeça erguida, e em qualquer sítio onde entramos, da Finlândia  à República Checa, logo os locais se levantam para nos cumprimentar veementemente e nos convidam para as suas mesas.


 E quando saímos, logo cochicham com os seus filhos: “Viste aqueles homens Rakunneen? São portugueses.  Gente honesta, da maior das seriedades. Eles pagam as suas dívidas”

2 comentários:

  1. os lobos descem ao povoado travestidos de doces carneirinhos, para nos aguçar o apetite de novamente os perpetuarmos no poder que arruína e tem arruinado as nossas vidas.
    portanto, está na hora de não irmos em canto de sereias, que não passam de polvos tentaculares por todo o mal que nos tem acontecido.

    ResponderEliminar
  2. Como dói verificar que o Luís tem toda a razão no que descreve. Este mundo está a desumanizar-se e a entrar numa ferocidade que era impensável e que pode levar à destruição desta civilização tecnológica. Vive-se para a estatística e se os números dizem que há produção de mais riqueza não referem que esta pertence a um número restrito de possidentes e que outros podem estar na miséria.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.