sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

QUEM NÃO TRABUCA...

                                                  É DA TERRA QUE COMEMOS!
A forma didáctica como o senhor Francisco Ramalho descreveu a sua plantação de batatas merece toda a consideração. Só tenho pena não o ter por perto, porque na minha aldeia não há gente sem terra, bem pelo contrário, há muita terra sem gente, dado os braços mais vigorosos procurarem outras ocupações, cá dentro e lá fora…
De facto, eu próprio não tenho como cultivar todo o espaço que temos disponível para agricultar, pelo que lhe cederia de boa vontade umas centenas de metros, sem renda. Assim, como cá em casa só eu “dobro a espinha”, cabendo às senhoras a tarefa de ir colhendo e cozinhando, limito-me a cultivar a que está mais próxima, cerca de trezentos metros de distância, onde faço uma horta com tudo quanto existe, já que se trata de solo rico em humus, com nascente de água própria, além de se situar na margem de um ribeiro.
É que quando construí a casa, vai para quarenta anos, o terreno era uma bouça de pinheiros e eucaliptos, pelo que tive de arrasar aquilo e plantar de novo tudo quanto eram árvores de fruto, sem me lembrar que quando tudo aquilo crescesse se transformaria num bosque cerrado, e foi o que aconteceu e agora não tenho coragem de cortar, pelo que há muito tempo que só posso colher aqui certo tipo de flores e favas, que é uma leguminosa que se desenvolve quando a maior parte do arvoredo está nu de folhagem.
No mais, costumo plantar como diz que faz o senhor Ramalho, só as primeiras batatas, por altura do Natal, sempre a pensar em colher batatinhas novas para acompanhar com um tabuleiro delas assadas no forno o cabrito da Páscoa, e sempre têm vindo a tempo para isso; no espaço maior, para o ano todo, lavramos toda a terra com um tractor, que também nivela e abre os regos e depois é só colocar o estrume e os tubérculos e pôr terra em cima, sem grande esforço.
Não uso pesticidas em nada. Prefiro colher menos mas saber que não há ali venenos. Para prevenir contra geadas e outros males uso a calda bordalesa feita por mim, na razão de três quilos de cal para um de sulfato de cobre. Prefiro assim a comprá-la já pronta, que também existe mas até parece que vai ser difícil adquirir sem que as pessoas tenham um curso segundo directivas europeias, para saber lidar com produtos perigosos, o que acho muito bem porque vê-se muita bandalheira no seu manuseamento. Bom, e ia por aí fora e nunca mais parava…

                                             Amândio G. Martins


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