domingo, 3 de janeiro de 2016

Utopianos

No início de cada ano, é normal estabelecermos metas e objetivos (ano novo, vida nova!).
O PÚBLICO de ontem e de hoje lembra-nos velhas e novas utopias!
Este ano comemoram-se os 500 anos de Utopia do humanista inglês Thomas More. Um romance político-social de «profunda e palpitante atualidade», onde o autor declara que existem alternativas ao que está instituído, embora se deva fazer um esforço para se descobrir novos caminhos. More acreditava numa sociedade em que tudo é de todos, em que o bem comum é mais precioso que o bem individual; em que a guerra é abominada (“os Utopianos  detestam e abominam a guerra como coisa brutal e selvagem”); sonhava ainda com uma sociedade em que o ouro /metais preciosos não têm valor; sofria com quem sofria; para ele (e outros humanistas) o homem está no centro do mundo e está nas suas próprias mãos decidir o seu destino; defendia que um dia podia ser dividido em 6 horas de trabalho, 8 de sono e o resto deveria ser ocupado por cada um como assim o entendesse; More acreditava ainda numa sociedade que evitasse a existência de pobres e da fome!
Passados 500 anos da redação daquela obra, parece que ainda há muitíssimo a fazer. Será que em 14 anos as nações deste mundo conseguirão alcançar os 17 objetivos (169 metas ) do Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU, não muito diferentes da Utopia de More? Coloquemos o despertador a soar na passagem de ano de 2030 para 2031 e verifiquemos se teremos um mundo sem fome, sem pobreza, sem medo e não violento; avaliemos se todos terão acesso à educação e aos cuidados de saúde e se teremos um mundo com trabalho digno para todos, etc., etc. Será muito difícil...
Coisa curiosa: a principal personagem da obra do também chanceler do reino de Henrique VIII, é Rafael Hitlodeu, nada mais nada menos que um homem nascido em Portugal e que foi «levado pelo desejo de ver e conhecer as mais longínquas regiões do mundo” e que se dizia livre, fazendo o que lhe apetecia e queria. 
Temos que tentar ser mais como portugueses utopianos, à imagem da (ficcionada) figura de Rafael! É preciso sermos homens e mulheres de utopias (individuais) para que se faça caminho e construa um futuro melhor para todos! Tentemos fazer o que está ao nosso alcance. 

2 comentários:

  1. Belo texto! Excelente reflexão! Parabéns Céu!

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  2. As utopias são mais importantes por aquilo que denunciam do que pelo que anunciam; só assim se percebe que basta classificar de utópica qualquer ideia mais "avançada" para logo a matar à nascença...
    "Podereis também pôr-lhe esta dúvida que me escapou, não sei se por culpa minha, vossa ou do próprio Rafael. Pois nem nós nos lembramos de lhe perguntar, nem ele de nos dizer,em que parte do Novo Mundo se situa a Utopia; o mesmo acontece com o Oceano em que se encontra a Ilha" ... Utopia- Thomas More

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