Um espanhol que nos queria e era querido...
Houve um tempo, dezenas de anos atrás, que comprava álbuns
de música ligeira, de artistas de todo mundo, portugueses também, que os havia
muito bons; e havia programas radiofónicos
que, a determinadas horas, passavam os discos pedidos pelos ouvintes, aos quais
era exigido que dissessem uma frase publicitária previamente anunciada. Quando
me apareceu em casa uma publicidade a um álbum chamado “Discos Pedidos”,
encomendei logo e enchi a barriga de
ouvir artistas que, no género, era do melhor que havia, entre eles Patxi Andion,
com o tema “Palabras” (Vigésimo aniversário).
Como tudo muda, e os meus filhos, à medida que iam crescendo,
abominavam a “minha”música, apanhados pela onda roqueira, a montanha de discos
em vinyl que me acompanharam uma porrada de anos ficou arrumada porque,
entretanto, também surgiram os discos compactos e outros equipamentos de
leitura de música.
Todo este arraial de palavras para dizer que fiquei
encantado de poder ler parte do poema “Palabras”, que o prof. Hélder Pacheco um
dia destes inseriu na sua crónica semanal no JN, que o recebeu em mensagem de
um amigo, segundo disse, aquando da morte do artista espanhol, que veio a Portugal muitas
vezes, a primeira em 1969.
De Patxi Andion:
“Veinte años de estar juntos / esta tarde se han cumplido. /
Para ti...flores...perfumes, / para mi... / algunos libros. / No te he dicho
grandes cosas / porque...porque no me habriam salido, / ya sabes... / cosas de
viejos... / requemor de no haber sido. (...) Hoy, en esta noche fria, / casi...
como ignorando el sabor de la soledad compartida, / quise hacerte una cancion /
para cantar... despacito, / como se duerme a los niños. (...) / Sera... sera
que esta cerca el rio... / o es que
estamos en invierno / y estan llegando... / estan llegando / los frios”.
Amândio G. Martins
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