quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Não quero, não gosto... não faço!

Os projectos de lei ainda não foram aprovados ou rejeitados e "eles" aí estão já a ameaçar! Os grupo CUF e as Misericórdias, assim mesmo, taxativamente. A Ordem dos Médicos, invocando o Código Deontológico e, pior ainda, arvorando-se em "voz única" de todos os médicos portugueses, volta, neste plano, a ser aquilo que já foi antigamente: somente uma corporação. O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), diz não prévio aos projectos dos PS, BE, PAN, Verdes, por razões.... apenas logísticas ( chamando-lhe...éticas!)! Curioso que não disse não ao projecto da Iniciatica Liberal. Porquê? A unanimidade é sempre suspeita, como as vírgulas decimais em estatística mal amanhada... Acrescento como estranho, os "segundinhos" que ouvi do "Prós e Contras" em que a moderadora, Fátima C. Ferreira, admoestou o Prof. Reis Novais quando ele trouxe à colação a Igreja, pois.... não se poderia falar dela no debate! Mas se a Igreja se meteu "forte feio" no mesmo, não se importando de ser ambivalente ao querer um referendo para uma coisa que ela própria considerou... "irreferendável"!
Tenham calma senhores! A votação é só hoje e é melhor não "pôr o carro à frente dos bois" e não vale a pena serem ameaçadores de boicote à eventual lei. Tem uma vantagem: mostrarem à saciedade a formatação das vossas mentes do ... "ou vai - como nós queremos - ou racha". Eu sou médico, ouvi dois jovens ( um com artrogripose e outra com coreia de Huntigton), bem como um senhor tetraplégico, todos lúcidos, a defender a despenalização da morte assistida ( eutanásia e suicídio assistido) com a sua (deles) autonomia.... não com a minha que felizmente vou sendo saudável.

Fernando Cardoso Rodrigues

1 comentário:

  1. Gostei muito deste seu texto. A indignação que nele vejo faz-me intuir uma genuinidade de que nunca duvidei. E imagino o seu desgosto, por todos os motivos e mais um, de “desfazer” na sua Ordem. De facto, custa muito ver que estas poderosas organizações, grupos económicos abarcados, escudando-se em “Códigos e Conselhos Éticos”, e arrebanhando serôdios apoios de “fazedores” de opinião (não vi o Prós e Contras, mas não me custa adivinhar-lhe o sentido...) reneguem o poder da dialéctica em favor de interesses que, no mínimo, serão insidiosamente obscurantistas.
    Quero sublinhar que respeito muito opiniões que possam ser contrárias às minhas. Mas o exemplo que, neste caso, temos colhido dos adversários da eutanásia é deprimente e nada abona sobre a inteligência dos autores das “tácticas” a que vamos assistindo ou, no mínimo, revela o total desrespeito que têm sobre a inteligência dos demais. Não digo que todos, mas “esses”, Igreja incluída, não querem discutir argumentos. Querem baralhar pensamentos e, quando lhes falamos de alhos, respondem-nos com bugalhos.
    Resta-me aguardar com paciência a reacção do Presidente da República. Espero não averbar mais uma decepção à enorme colecção que fui construindo ao longo de décadas..

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