Os trâmites e o desenlace do processo de "impeachment" de Donald Trump, deu-nos bem a noção de quanto o mundo mudou, na vertente política,... para pior. A democracia, plena de "bom senso" nos formalismos, bem intencionada quanto à liberdade de pensamento e "bem educada" no terreno comum que pisamos, está a deixar-se "comer" pela truculência nos métodos, pela equivalência prática entre verdadeiro e falso, pela "simplicidade" da técnica de mensagem, pela manhosa ciberinteligência, pelo "porque sim", pela mistura do imiscível enfim, por tudo o que corroi e "não pede licença". Elenquei somente alguns dos meios que apoiam o escopo a que conduzem. A oeste, os "checks and balances", perderam o seu benéfico poder, a favor da personificação do "quero, posso e mando" que "leva tudo de roldão"... até o voto do povo. A leste, a ideologia baralhou-se, com novo/velho e oculto guru, que "apeou" Marx e até Lenine, mas se serve destes para, numa mistura de "brancos" e "vermelhos", dar sentido ao actual poder "demiúrgico" de um homem que se sente "ungido" para o executar, não importa como... porque ele é o "braço" executante do "bem".
Que faz entretanto a democracia? Eu ia dizer nada, mas prefiro o "mais do mesmo". Tolera a cizânia, deixa-a conviver dentro das instituições, "dá" igual valor formal à voz dos fascismos e dos democratas, dialoga de "igual para igual", quando ela é incomparavelmente superior no plano ético e civilizacional. A Europa é exemplo disto. Veremos aonde esta "guerra", desigual nos princípios e nos métodos, vai dar. Mas começo a achar que estamos a ser demasiado "bem educados" para com partes que "jogam outro jogo" e com intenções - que já não o são somente - bem diversas.
Fernando Cardoso Rodrigues
Parafraseando Miguel Sousa Tavares no Expresso de hoje: "... a democracia deixou de ser aquilo que nos ensinaram desde pequeninos. A começar pelas boas maneiras e pela educação." É o pragmatismo sem limites, o maquiavelismo no seu pior.
ResponderEliminarNo caso dos Estados Unidos, a democracia não é mais que um degradante espectáculo, a Justiça uma mascarada; ficou demonstrado que um presidente pode cometer os crimes que mais bem o servirem que, se a maioria que decide for da sua cor política, é absolvido e vilipendiados os acusadores, por maiores que sejam as provas que lhes dão razão; e se o assunto tivesse de ir ao Supremo era a mesma coisa, porque também já lá colocou os seus bonecos...
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