segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Uma preocupação séria...


...Esta de Valter Hugo Mãe com a prevista discussão da legalização da eutanásia, com a qual coincido totalmente, expressa no seu habitual espaço de domingo no JN, de que transcrevo uma parte:

“Horroriza-me que, aberta a oportunidade institucional de morrer, usemos a morte como resposta obrigatória para aqueles que viveriam apaziguados num contexto de cuidado e carinho; não sou, naturalmente, contra a opção lúcida de alguém que, assistido por uma bateria de médicos especialistas, encontre apenas na morte uma solução. (...) O que me parece impossível de conter é a precipitação para a morte dos que se deprimem, dos que se fragilizam sobretudo por falta de um sistema de acompanhamento humano.

                                            (...)
O que mais vejo são velhos à míngua de atenção, apressados para a morte porque parecem servir para nada. A tristezinha dos mais novos anseia pelo sossego, pelo quarto vago, pela despreocupação, pela herança. Fácil será de imaginar que, progredindo sem cuidado na despenalização, chegaremos a muito suicídio que não será senão uma forma de homicídio perpetrado pelo interesse de alguns e pela desfaçatez de todos”.


Amândio G. Martins





2 comentários:

  1. Sobre esse tema, já expuz, em vários sítios, o meu pensamento. Sou pelo exercício da automomia de decisão, obviamente.... quando esta está em condições de ser exercida. E não está, por exemplo, nas crianças e em "handicaps" mentais. Está-o, na sua plenitude, no caso paradigmático do galego Ramon Sampedro, tetraplégico devido a mau mergulho que o atirou para uma cama e em dependência total. E conseguiu-o, contra a lei espanhola e a igreja, com ajuda verdadeiramente amiga.
    Dito isto - mais uma vez - não aceito posições extremas, como as da Bélgica quanto ás crianças e agora, em notícia veiculada pelo Observador, a já existente ( embora não legalizada) pílula para "as pessoas com mais de 70 anos e que estejam cansadas de viver" (sic). Não preciso de dizer porquê.

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  2. Em Espanha está a preparar-se uma lei, mas com regras bem definidas: Só o paciente pode pedí-la por escrito; terá de o fazer duas vezes, intervaladas de duas semanas; ter o testemunho de dois médicos; dar um prazo de 30 dias após o pedido e dar ao paciente o direito de arrependimento; o medicamento letal só poder ser ministrado por profisionais de saúde...

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