Anormalidades “normais”!...
Há umas dezenas de anos, vivia eu nos arredores de Santo
Tirso, deu-se na vizinhança um acontecimento nunca antes visto por ali, que
dividiu as pessoas entre as que apoiavam a moça e aquelas que lhe chamavam
coisas pouco simpáticas porque, na véspera do casamento, dirigiu-se aos
convidados da parte dela, devolveu os presentes recebidos e disse-lhes que não
iria haver casamento.
Era uma jovem operária fabril, apenas com a instrução básica,
e o rapaz com quem havia tido um namoro problemático era da mesma condição, mas
muito controlador, discutindo com ela por tudo e nada até que, talvez
considerando que já estava no papo, com o casamento marcado, deu-lhe a primeira
bofetada, que foi a gota de água para que ela percebesse que não iam ser
felizes, decidindo saír enquanto era tempo.
No JN de sábado, com o título “O que o amor não é”, Inês
Cardoso começa o seu texto na coluna da direcção dizendo que dois em cada três
jovens de 15 anos consideram normal a violência no namoro; no mesmo jornal de
domingo, com o título “Violência no namoro”, Valter Hugo Mãe diz que “Não basta que o Estado lance
campanhas de sensibilização para esta desgraça. É preciso que nos mobilizemos
em todos os gestos, em todas as conversas, para mudar os discursos embrutecidos
que convencem que a cidadania hoje é
ressabiamento e retaliação.
Em artigo de página inteira, no mesmo jornal de domingo, a
humorista Joana Marques, com o título “Carta de São Valentim” , “transcreve” no seu estilo divertido a carta
que um desses machistas dirige à namorada, de que deixo aqui um popuco:(...)“Temo-nos
um ao outro, é o que importa, e vamos passar um São Valentim como tu mereces,
minha princesa. Passo à tua porta para te buscar às sete.Vê se te despachas,
desta vez; ah, e vê se não trazes aquele vestido prateado, demasiado curto, que
já da outra vez deu chatice. Lembras-te do que aconteceu no teu dia de anos,
porque aquele gajo armado em pintas não parava de olhar para ti? Não me apetece
nada andar à porrada hoje”...
Amândio G. Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.