Consequências da “não-inscrição”...
Diz o prof. José Gil que: “Quando o luto não vem inscrever
no real a perda de um laço afectivo, o morto e a morte virão assombrar os vivos
sem descanso; e a não-inscrição não data de agora, é um velho hábito que vem da
recusa imposta ao indivíduo de se inscrever.
(...) Foi o salazarismo que nos
ensinou a irreponsabilidade, reduzindo-nos a adultos infantilizados.
E foi assim que a vida social portuguesa, agora pacificada,
viu a não-inscrição assumir os seus privilégios.Tal ministro que se aproveita
de uma lei para escapar ao fisco demite-se para voltar à tona, meses ou anos
depois, porque o escândalo pode ser mesmo a ocasião para recomeçar uma carreira
com futuro brilhante.
Na Alemanha, depois da Segunda Guerra Mundial, os alemães
negaram-se a inscrever, na sua existência como na sua história, o III Reich e o
nazismo, reduzidos nos manuais de história dos liceus, durante décadas, a um
episódio referido em dez ou vinte linhas. Essa não-inscrição está a ter efeitos
imprevisíveis na sociedade alemã, não sendo sem dúvida alheia a subida do
nazismo”.
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Dizem as notícias que o novo presidente do CDS escolheu para
seu vice um sujeito que ainda recentemente louvou o salazarismo, os métodos
torcionários da Pide e chamou agiota de judeus ao mundialmente respeitado
diplomata Aristides de Sousa Mendes; alertado por um respeitado veterano
daquela formação, para o absurdo de ter na direcção do partido um tal elemento,
o novato líder minimizou os reparos com esta descarada declaração: “Não lhe
retiramos a confiança política porque já se distanciou do rótulo ignóbil que
lhe quiseram colar”!
Nota – Os primeiros três parágrafos foram compilados do
livro anexo.
Amândio G. Martins
Curioso que não tinha a ideia que os alemães tivessem quase "ocultado" a existência do III Reich. Julgava que tinham feito, sim, era não o dignificar e somente o descrever factualmente, de modo a nunca fazer o seu panegírico. Quanto ao novo vice-presidente do CDS, bom.... estamos conversados. O centro-direita - ver Espanha e Portugal - está a fazer escolhas de aproximação que, espero, os vão fazer bater com "os burrinhos na água"... ou não...
ResponderEliminarRelativamente à nossa sociedade, José Gil refere o mito dos "brandos costumes" que reina à superfície escondendo uma violência real subterrânea, e o medo como afecto paralisante da agressividade social...
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