domingo, 2 de fevereiro de 2020


Consequências da “não-inscrição”...


Diz o prof. José Gil que: “Quando o luto não vem inscrever no real a perda de um laço afectivo, o morto e a morte virão assombrar os vivos sem descanso; e a não-inscrição não data de agora, é um velho hábito que vem da recusa imposta ao indivíduo de se inscrever.  (...)  Foi o salazarismo que nos ensinou a irreponsabilidade, reduzindo-nos a adultos infantilizados.

E foi assim que a vida social portuguesa, agora pacificada, viu a não-inscrição assumir os seus privilégios.Tal ministro que se aproveita de uma lei para escapar ao fisco demite-se para voltar à tona, meses ou anos depois, porque o escândalo pode ser mesmo a ocasião para recomeçar uma carreira com futuro brilhante.

Na Alemanha, depois da Segunda Guerra Mundial, os alemães negaram-se a inscrever, na sua existência como na sua história, o III Reich e o nazismo, reduzidos nos manuais de história dos liceus, durante décadas, a um episódio referido em dez ou vinte linhas. Essa não-inscrição está a ter efeitos imprevisíveis na sociedade alemã, não sendo sem dúvida alheia a subida do nazismo”.

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Dizem as notícias que o novo presidente do CDS escolheu para seu vice um sujeito que ainda recentemente louvou o salazarismo, os métodos torcionários da Pide e chamou agiota de judeus ao mundialmente respeitado diplomata Aristides de Sousa Mendes; alertado por um respeitado veterano daquela formação, para o absurdo de ter na direcção do partido um tal elemento, o novato líder minimizou os reparos com esta descarada declaração: “Não lhe retiramos a confiança política porque já se distanciou do rótulo ignóbil que lhe quiseram colar”!

Nota – Os primeiros três parágrafos foram compilados do livro anexo.


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Curioso que não tinha a ideia que os alemães tivessem quase "ocultado" a existência do III Reich. Julgava que tinham feito, sim, era não o dignificar e somente o descrever factualmente, de modo a nunca fazer o seu panegírico. Quanto ao novo vice-presidente do CDS, bom.... estamos conversados. O centro-direita - ver Espanha e Portugal - está a fazer escolhas de aproximação que, espero, os vão fazer bater com "os burrinhos na água"... ou não...

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  2. Relativamente à nossa sociedade, José Gil refere o mito dos "brandos costumes" que reina à superfície escondendo uma violência real subterrânea, e o medo como afecto paralisante da agressividade social...

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