segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Realidade da política brasileira


Para início de conversa nunca fui adepto de Lula da Silva, de seus seguidores ou de quem por ele indicado, votei no atual presidente por falta de opção no segundo turno. Por ter sido seu eleitor, sinto-me no direito de enaltecê-lo naquilo que eu acho certo e criticá-lo quando ao contrário. Embora o senso comum seja naquela tônica dos fanáticos: “aos amigos tudo certo, aos adversários tudo errado”, sem antever que em matéria de política não existe ninguém santo, todos têm seus deslizes em maior ou menor intensidade.
Julgo que o nosso atual presidente teve o azar de ver seu filho envolvido em práticas que, embora corriqueiras no Brasil, o obrigam a governar para tentar isentar o seu primogênito, mesmo às vezes até ferindo os seus próprios princípios éticos.
A imprensa tem cumprido o seu papel de informar, não existe na face da terra algum governo que a queira bem, esquecendo eles de que os problemas estão nos fatos e não nas pessoas envolvidas; exemplo notório é o da rede globo, no governo petista era a eterna vilã e heroína para os opositores e hoje diametralmente ao contrário.
Concluindo, diante desta realidade, muito me lembro de uma passagem do livro do genial e saudoso escritor Jorge Amado no livro, “Gabriela Cravo e Canela”, onde um promissor candidato (Dr. Mundinho), após derrotar os chamados “coronéis”, teve adesão destes, antes inimigos e, no novo governo, aderiu ao coronelismo, tornando-se um deles. O ingênuo personagem Nacif, indignado com esta situação, teria dito a um fanático interlocutor apoiante de Mundinho: Mas não está tudo igual ao que era? Este então lhe respondeu, Sr. Nacif, é igual..., mas é diferente!!!


11 comentários:

  1. O seu texto foi uma forma de tornar triste o resto do meu dia. Saberá bem porquê. O seu relativismo não convence. Sei bem quem Bolsonaro é e estarei sempre contra as suas "ideias". E, embora também o Conde de Salina afirme a história das "moscas e da trampa", julgo ainda ter lucidez para nunca aduzir comparações espúrias para "minimizar danos"... tacticamente.
    Ah, embora nada a propósito, fato é o "terno" brasileiro. Facto é como que na língua portuguesa, mesmo no novo "acordo ortográfico", se escreve e diz. E é um facto que Bolsonaro não é "boa rês"....

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    1. Só me resta pedir desculpa pela sua tristeza ao ler este despretensioso texto. Sei perfeitamente que o caminho da moderação não agrada nem a gregos e nem a troianos. Não foi minha intenção de convencer quem quer que seja, porque sou daqueles seguidores de Evelyn Beatrice Hall, quando ela diz: ”posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Sou do tempo aqui no Brasil, de uma época que perfume ainda era chamado de “agua de cheiro “e aprendi ao longo desse tempo, que até péssimos governos possam ter pontos positivos e que até bons governos tenham falhados em alguns quesitos. Quanto de se usar os termos “fato” ou “facto” ou erros ortográficos em geral, ficam por conta dos corretivos automáticos que a nós são impostos pelos modernos aplicativos de digitação.
      Peço relegar algum erro gramatical no texto desta resposta.

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  2. Em minha opinião, o professor Orivaldo, neste seu texto, cometeu alguns erros que eu, humildemente, vou tentar corrigir.
    Nada tenho contra a sua votação em Bolsonaro. Lamento-a, mas aceito-a. Agora, peço-lhe o favor de não dizer que o fez por falta de opção. Que raio andava por lá a fazer o Fernando Haddad? Para não falar de um figura que, em certos casos, se torna útil, que é o voto em branco. Peço-lhe, pois, que não desculpabilize a sua escolha que, atendendo ao que vem a seguir, talvez se compreenda melhor.
    Em segundo lugar, em vez de dizer que Bolsonaro teve o azar de ver o filho envolvido em práticas menos próprias, deveria dizer que o azar foi todo do Brasil e dos brasileiros, que têm o azar de ter como presidente uma pessoa que, entre muitas outras coisas reprováveis, criou um filho capaz de tudo aquilo.
    Se não estou enganado, o senhor professor admite com demasiada leveza a possibilidade de Bolsonaro “governar para tentar isentar o seu primogénito”. Não lhe parece estranho e profundamente ilegal que ele o tente fazer? Ou ser filho de presidente confere algum tipo de imunidade?
    Quanto aos “princípios éticos” de Bolsonaro, devo dizer-lhe que, mais uma vez em minha opinião, é coisinha que ele não tem. Registei a sua opinião e, naturalmente, respeito-a. Mas, pelo menos no que toca a factos e a princípios, fiquei muito desiludido.

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    1. O eleitorado brasileiro em geral ficou bastante consternado com o chamado “petrolão”, com as notícias de enormes quantias em dinheiro desviado para componentes do então governo. Embora considerasse a figura pessoal do Haddad um bom candidato, mas esta candidatura por estar ligada a pessoas que deitaram e rolaram com dinheiro público, ficamos diante de um dilema, traduzida pelos os ditados: “sai do espeto cai na brasa” ou “se ficar o bicho come de correr o bicho pega”. No meu caso que não era fanático seguidor do atual presidente, resolvi então me arriscar por uma nova situação, embora sem muita convicção. Era o atual presidente ou o partido dos trabalhadores, infelizmente o Haddad estava no meio deste fogo cruzado.
      Concordo que o azar foi do Brasil, o governo até então tem se focado para conter as investigações. Quanto a imunidade ela não deveria existir, mas na prática, nós calejados pela experiência de vida, sabemos desta impossibilidade, é o chamado aqui no Brasil de poder da caneta.
      Os princípios éticos citados, foram os pregados na campanha eleitoral, que por um lapso não constou do texto.
      No demais peço desculpa pela desilusão.

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    2. Cada vez me sinto mais aterrorizado com a banalização de posições políticas que, não há muito tempo, julgávamos definitivamente ultrapassadas, sendo isto válido para o Brasil, mas também para os EUA, e muitos outros países da Europa e da América Latina. Perdoar-me-á o Professor Orivaldo se, nesta arenga, considerar que eu estou a ser excessivo. Faço-o e digo-o por me aperceber de que existem pessoas que, à partida, beneficiam de um estatuto de “moderação” (como acima citou), de boa e impoluta educação “cristã”, como me parece ser o Professor Orivaldo (exageradamente cristão ou moderado, passe o contra-senso?), que se assustaram com os terríveis “vícios” da vida política brasileira na era “lulista” (talvez fosse bom apurarmos quando começaram esses vícios da corrupção…), e resolveram “arriscar uma nova situação”. Ora, com os avisos de perigo iminente que chegavam de todos os lados, com as evidências da falta de qualidades mínimas para presidir a um país como o Brasil, bastou que alguém dissesse (em campanha eleitoral…) que professa os mais altos “princípios éticos” para acreditarmos piamente e irmos atrás?
      Não quero, não posso, nem devo criticar quem, segundo as regras democráticas, votou em Bolsonaro. Mas, das duas, uma: ou assumimos, até às últimas consequências, que o desejávamos mesmo fazer, ou teremos de reconhecer o engano em que caímos. Permanecermos no “limbo” dos “gregos” maus com coisas boas, e dos “troianos” bons com coisas más - ou vice-versa - será sempre contemporizar e abrir caminhos que deviam estar erradicados há muito.
      Para terminar, e porque detecto um sempre latente desejo (legítimo) de justiça por parte de muitos brasileiros face ao “petrolão”, mais o “mensalão”, continuo sem perceber qual terá sido o crime que conduziu a Presidente Dilma ao “impeachment”. Conseguirá o Professor Orivaldo esclarecer-me quanto a este ponto?

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    3. Por esquecimento, o José , na 3ª linha, não juntou "Eurásia".

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    4. A corrupção chegou por aqui com as galeras de Pedro Álvares Cabral em 1500, documentada por Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra, que ao relatar o descobrimento ao Rei D. Manoel I, solicitou vantagens para seu genro, citando pitorescamente que nestas bandas os nativos andavam com as vergonhas de fora, insinuando a beleza das moçoilas nativas. Quem não conhece as proezas corruptas do primeiro governador geral do Brasil Tomé de Souza, das traquinagens do então jovem príncipe Pedro (mais tarde Pedro I no Brasil e Pedro IV em Portugal), ao recolher cavalos abandonados (chamado por aqui de Pangarés) nas ruas do Rio de Janeiro, e revendê-los bastante valorizados, após marca-los como pertencentes ao haras imperial, da lenda conhecida como “ o santo de pau oco”, onde imagens de santos eram construídas ocas para esconder ouro em pó, burlando o pagamento de impostos à coroa portuguesa, e assim, a história nos conta inúmeros casos de desvio de conduta. Portanto, a corrupção no Brasil é antiga, existe desde o período colonial, mas que sem dúvida foi muito aperfeiçoada por aqui. Resta apenas saber se na era lulista houve um aumento exagerado deste procedimento ou se os meios de investigação e divulgação mais modernos o tenha detectado mais facilmente. Quanto a queda da Dilma veio confirmar o que todos conhecem: governo nenhum se sustenta quando a economia vai mal. A economia, neste período, degringolou a níveis insuportáveis com grande aumento de desempregados. O motivo desta queda econômica foi atribuído a má gestão, em decorrência de assessores despreparados, agravada por problemas globais. A economia indo mal, começa a vir à tona questões que estavam sendo sublimadas, como: perda de aliado na presidência do parlamento, insubordinação da sua base de sustentação, acomodação no seu governo de pessoas envolvidas em corrupção, machismo latente na política brasileira, exploração do preceito bíblico: “Diga-me com quem andas e te direi quem és! “. Em resumo, quando se tem maioria, os motivos legais são preparados. Veja o caso Trump, somente não se consumou pela sua maioria no senado.

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    5. Não pensava voltar aqui, até ler o comentário acima, do Prof. Orivaldo. Divaga ele, histórica e socialmente, sobre a corrupção e, menos um pouco, a economia, mas.... vou dizer-lhe uma coisa que é, assumidamente, uma "boutade" exagerada: as duas interessam-me muito pouco para esta discussão. O que me interessa, no caso, é "a coisa por detrás das coisas" e essa é... Bolsonaro, o seu "pensamento"(?) e tudo o que dele decorre em matéria política e social. E o que vejo é duma tacanhez, truculência e perfídia, encapotada ou não, que nunca me deixaria votar neste homem e numa política que fosse dele. A política precede a economia, e esta pode nascer sã ou bastardada. Tal com a filosofia ética precede a lei que aparece boa ou má, fruto do "progenitor" e do que este possui na cabeça. Depois vêm os crivos, institucionais e cidadãos. Como estes que estamos a exercer.... com pensamento bem diferente.

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    6. Concordando medularmente com esta “resposta” do Fernando, não me coíbo de voltar à liça. Assim, “explicada” que está (?) a queda (não lhe pareceu mais um derrube, senhor Professor Orivaldo?) de Dilma, fica ainda de pé o voto em Bolsonaro. Em que ficamos? Fica reiterada a opção em tempos expressa, em repúdio dos “assessores despreparados” e em defesa dos assessores evangelicamente negacionistas da Ciência? Ou, pelo contrário, assume-se o “erro”? Só uma opção é possível. Ou haverá ainda antecedentes erudito-históricos que sejam aqui chamados para nos desviarem a atenção do essencial?

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  3. Caro Orivaldo: tento compreende-lo, porque de tempos a tempos também me sinto decepcionado com esta Democracia que temos por cá, em que não raras vezes paga o justo pelo pecador.
    INSEGURANÇA, foi uma das bandeiras mais utilizadas na campanha pelo actual presidente, democràticamente eleito. Considera ele que a solução, é matar. Quantos? Quinhentos mil? Um milhão? Dirão alguns "torcedores": Ah, mas Hitler matou mais. E Stalin muitos mais. Pois... mas os maus exemplos não são para copiar.
    Isto é tudo, menos ética.
    CORRUPÇÃO, foi outra das bandeiras. O sujeito sente-se obrigado a governar, para proteger o filho, das malhas da Justiça. Isso não é corrupção?
    Ist, é tudo, menos ética.
    Não. Decididamente, ética e Bolsonaro, não cabem no mesmo saco.

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