terça-feira, 29 de setembro de 2020

 

AEROPORTO NO MONTIJO, PORQUE INSISTE O GOVERNO ?


Devido ao impacto negativo nas populações e, sobretudo, no ambiente de uma maneira geral, com particular incidência nas muitas espécies de aves migratórias e autóctones, as organizações ambientalistas, convergem na crítica ao novo aeroporto no Montijo.

Também o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a Ordem dos Engenheiros, e a dos Biólogos, os municípios da Moita, Palmela, Sesimbra, Setúbal, Benavente e a AMRS, fundamentadamente, discordam.

Para além de diversos aspetos altamente negativos, é unânime para as entidades citadas, que esta opção, está longe de completar ou ser alternativa, ao aeroporto Humberto Delgado.

Num trabalho sobre a matéria, da autoria da jornalista aqui da casa, Ana Martins Ventura (O Setubalense, 30/7/19), citando Manuel Ferreira da “Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não!”; “Este não é um novo aeroporto. É o velho aeroporto de Lisboa, com um remendo no Montijo”. E referindo-se ao acrescento que seria feito à pista, na Base Aérea do Montijo.

“ A pista terá de ser forçosamente estendida. Porque tem 2187 metros e não suporta a aterragem de aviões de grande porte, da classe C. Aumentada 300 metros para sul, no sentido do Barreiro, vai fechar o canal de navegação e aumentar a suscetibilidade do aeroporto às inundações e subida do nível das águas”.

Concluindo: “ Este plano não é um atentado, nem uma ameaça. É um crime da ANA”.

Para os leitores menos atentos, convém lembrar que a empresa ANA, de portuguesa, só tem o nome. Foi privatizada e vendida à multinacional francesa, VINCI, um dos principais acionistas da Lusoponte que também explora as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama.

Portanto, à ANA, o que lhe interessa é o “remendo do aeroporto de Lisboa no Montijo” E ao país? Porque insistirá o Governo PS?

E as criticas já se internacionalizaram. Cientistas portugueses da Universidade de Aveiro, fizeram-nas Chegar à prestigiada revista científica Science. Em declarações à Lusa, o biólogo José Alves coautor com Maria Dias da organização Birdlife, do texto publicado na referida revista, acusa o Governo português de ir contra os objetivos do Pacto Ecológico Europeu ao persistir na construção do aeroporto no Montijo, apontando sobretudo o efeito destrutivo em centenas de milhares de aves no estuário do Tejo. Acrescentando, “Há outros países que partilham estas aves e que investem na sua proteção, porque já estão numa trajetória de declínio. Estamos a falar de 200 mil aves no Inverno e 300 mil nos períodos migratórios.

A ideia de que as aves, porque voam, se podem deslocar para outros lugares, não corresponde à realidade. Estas aves, apesar de voarem milhares de quilómetros, são fiéis aos locais para onde migram, por vezes ao quilómetro quadrado”.

Tudo isto,apesar das alterações climáticas, quando deveria ser preocupação geral a preservação das espécies e do ambiente.

Tudo isto, com a opção Alcochete bem menos problemática e completa, ali tão perto. E o grande aeroporto de Beja às moscas, em comboio rápido, a uma hora da capital.

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"








1 comentário:

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