quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Amigos do alheio

 

Fazer “mão-baixa” de bens alheios...

 

 

No texto anterior falava de um padre que traíu a confiança dos cidadãos, apoderando-se de bens das comunidades onde prestava assistência religiosa, e este é um caso que, para mim, se reveste da maior gravidade, porque um padre é alguém que, na igreja católica, está investido de funções para as quais se exige gente impoluta e confiável, como as confissões dos crentes, por exemplo, embora saibamos que são homens, sujeitos às mesmas tentações de todos.

 

O excelente jornalista catalão Jordi Évole conseguiu do Papa Francisco uma entrevista deliciosa, que passou na TV “La Sexta”, do grupo Atresmedia; no seu estilo pouco habitual num jornalista, Évole conseguiu levar o Papa a falar de tudo e, às tantas, perguntou-lhe se um Papa também pode fraquejar na sua fé, ao que Francisco respondeu sem pestanejar: Claro, o Papa é um homem, sujeito às mesmas fraquezas das outras criaturas humanas!

 

Hoje escrevo sobre um caso que, em Espanha, há muito aguardava nos tribunais uma solução: Trata-se do Paço de Meirás, na Corunha, Galiza, importante propriedade do Estado espanhol que o ditador Franco utilizava para passar férias com a família, e depois teve o desplante de registar em seu nome, como fez com tantas outras ao longo do seu “reinado”, como escreveu o jornalista galego António Maestre, no seu livro “Franquismo, S. A.”, onde afirma, com dados, que toda a fortuna dos Franco foi espoliada ao povo espanhol.

 

Presos e fuzilados, como “rojos”, todos aqueles de quem não gostava, se possuíam bens que agradassem ao ditador, este pura e simplesmente inutilizava os títulos de registo de propriedade e registava-os em seu nome e da mulher; como “El Pazo de Meirás”, que o tribunal agora decidiu que voltasse para o Estado, para regozijo da autarquia de Sada, localidade onde a grande propriedade pertence e que se bateu contra a posse dos Franco, outras “abarbatadas” da mesma forma aguardam decisão da Justiça, morosa, lá como cá...

 

 

Amândio G. Martins

2 comentários:

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