terça-feira, 15 de setembro de 2020

Ditadura sanitária?

 

Custos VS Valor...

 

 

Com o título “A verdadeira pergunta”, e referindo-se a um artigo que o anterior primeiro-ministro australiano há pouco escreveu num jornal inglês, revoltando-se contra o que chamou “ditadura sanitária”, pelas suas consequências económicas, o prof. Júlio Machado Vaz, em artigo no JN, pergunta “quanto vale uma vida de velho”?

 

Aquele australiano questiona se as famílias não deveriam ser levadas a pensar se não seria justificado deixar morrer os idosos infectados por Coronavírus – ou certamente outra moléstia qualquer, digo eu -  negando-lhes tratamento e “deixando a natureza seguir o seu curso”, porque cada ano de vida a mais para um velho custa à Austrália cem mil libras, ao que Machado Vaz argumenta  que , “quanto à natureza seguir o seu curso levaria, no limite,  à proibição do exercício da medicina, desde sempre ocupadíssima a trocar as voltas à natureza”.

 

Esta filosofia cruamente economicista parece não ser voz isolada mas, vinda de alguém que já ocupou o mais alto posto de decisão no seu país, dá que pensar como é que gente assim -  valorizando tão pouco a vida de quem tanto contribuíu para o país que ele encontrou desenvolvido – consegue ser alcandorada a cargos de alta responsabilidade...

 

 

Amândio G. Martins

6 comentários:

  1. Permita-me, caro Amândio, referir-lhe que essa não é a única forma de se ser crítico da "ditadura sanitária". A questão é que, para alguns - já aqui citei Bernard-Henri Lévy - o esquecimento e o adiamento para que muitos, jovens e velhos, foram empurrados nos tratamentos de saúde não-covid também são ferozmente mortais.

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  2. Antes do mais, o que esse australiano disse é uma bestialidade, sob a capa da revolta contra uma pretensão "ditadura sanitária". Termo este que, lamentavelmente (quanto a mim)), o Amandio e o José usam interrogativamente e somente com aspas, respectivamente. Depois - e agora é com o José - até me parece que o que considera "negro" já faz parte dum tempo anterior, ou não? Quanto aos " jovens (?) e velhos empurrados...", acha que os próprios estão virgens de "culpa" própria nos atrasos"?...
    Quanto ao australiano, estamos de acordo, mas " mistura-lo" com pretensas "ditaduras sanitárias", não.
    O efitorial do PÚBLICO de hoje, escrito por Manuel Carvalho, parece-me bem sensato ( se isso ainda existe...), apelando ao " encolher do dedo indicador esticado" que ha tempos aqui defini como o terceiro tempo da pandemia e que, tristemente, se vai engrossando.

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    1. Não posso deixar de aduzir aqui algumas notas sobre o seu comentário.
      Só por decoro, usei as aspas. De facto, senti como real a tal ditadura sanitária.
      Oxalá a “negritude” que refere fizesse já parte do passado. Mas não: aterroriza-me vir a ser parte integrante e fulcral do futuro.
      Sei que muitos se empurraram a si próprios, mas, entre estes, quantos o não fizeram por influência da orquestração psicológica a que foram sujeitos? Basta ver o “massacre” por parte da maioria dos órgãos de comunicação social.
      Do australiano não vale a pena falar. Falar de bestialidade é usar de simpatia para com a personagem.
      Finalmente: não me move qualquer intuito acusatório contra ninguém. No entanto, por muita compreensão que eu possa ter perante as atitudes de muitos, não abdico da minha consciência crítica. Também ela sujeita, naturalmente, à crítica dos outros.

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  3. Que o medo levou a considerar não urgente tudo que não fosse "coronavírus" é uma triste realidade, de que eu próprio sou testemunha: de facto, das duas consultas rotineiras anuais, para controlo do peso e da tensão, tive a de janeiro, e da que ficou agendada para julho recebi uma mensagem para não comparecer, que mais tarde me informariam da nova data, coisa que ainda não aconteceu, além de que tentei marcar consulta, porque preciso de um atestado para renovar a carta de condução, tendo-me sido dito que estavam suspensas as consultas; e recebi um dia destes, da ARS Norte, uma mensagem com um número para ligar, se precisar de um psicólogo...

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    1. Não se leve à conta de “queixinhas”, porque não assaco responsabilidades a ninguém, e compreendo que os tempos não tenham sido fáceis para quem tinha de decidir no “terreno”. Mas, só comigo, já levo quatro consultas adiadas (de momento, sine die), e duas cirurgias que tive de fazer (a expensas próprias…) no sistema privado. Bem que me custou!
      Mas tenho mais casos familiares: hospitalização, com intervenção cirúrgica, ambas impecáveis, no Santo António do Porto, seguidas de consulta de acompanhamento completamente ineficaz, por dificuldades de agendamento dos serviços. Ainda se aguarda por convocatória para nova e imprescindível intervenção cirúrgica, que deve ser precedida de análises e exames para os quais se aguarda também agendamento...

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  4. Juntando aos vossos casos pessoais, eu poderia juntar o meu em que passei de Abril para Novembro. Mas também o que ouvi, na TV, ao director do Serviço de Cardiologia do H. Sto. Antonio perguntando; onde estão os doentes com consulta marcada, que não apareceu nenhum?!
    Julgo que os três teremos razão. Os circuitos, o desvio de meios, o desconhecimento, terão levado a erros ( ou nem tanto) mas, no geral não terá havido dolo e isso é fulcral. E havia e há o Sars cov2 à solta pelo mundo....

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