terça-feira, 8 de setembro de 2020

 

AVANTE, BALANÇO MUITO POSITIVO


A pretexto da pandemia, valeu tudo sobre o massacre de “notícias”. Desde a exibição até à exaustão, de imagens televisivas de multidões compactas de outras edições da Festa, para dar ideia de rebaldaria e incutir pavor, até à omissão de outros eventos com multidões desregradas. Mas houve honrosas exceções. Vejamos, por exemplo, o que escreveu uma pessoa insuspeita sobre as suas afinidades com o PCP, a jornalista Ana Sá Lopes, no Público de 31/8: “O pavor gerado pela colossal onda de notícias e comentários sobre a Festa do Avante, não foi visto, quando milhares de peregrinos (é a informação oficial) acorreram no dia 13 de Agosto ao Santuário de Fátima. Esse pavor também não tem sido visto nas praias. Ninguém dá pelo pavor nas feiras do livro de Lisboa e Porto. Não é encontrado nos transportes públicos”.

Outra honrosa exceção, o médico Rui Melo Pato, amigo e acompanhante musical de José Afonso,no tempo em que o faziam com a tenebrosa PIDE à perna. Portanto, outra respeitável e abalizada opinião, expressa na sua página do Face Book:”...como médico pneumologista, por outro lado como “músico” (que nunca actuou na dita festa) e como cidadão orgulhosamente de esquerda sem filiação partidária(…) Agora, já com a poeira pousada, sou declaradamente favorável à realização da Festa, porque vejo nela a oportunidade de se aprender a, cumprindo todas as regras, voltar a ter a cultura, a política e a arte com responsabilidade e com civismo. Conhecendo o rigor dos militantes e simpatizantes comunistas, estou certo de que a Festa vai decorrer na maior da disciplina sanitária e vai ser um exemplo para que as actividades que evolvam centenas ou milhares de portugueses se possam fazer sem a actual indisciplina das praias, das igrejas, das procissões, dos casamentos, das festas, etc...e as salas de espectáculo, os estádios, os ginásios, todos os espaços de lazer e de arte possam voltar a funcionar, com regras, com disciplina.”

Acertou. Mas, claro, algum receio e,sobretudo, o veneno destilado pelas televisões e não só, teve efeitos na afluência. Apesar de tantos interessantes debates sobre os mais variados temas, como, por exemplo, Teletrabalho: da inovação à Exploração. Lutas nas empresas e locais de trabalho na Península de Setúbal. Ou, Culturas Superintensivas- o Alentejo ao sabor do capitalismo, de tantos e tão bons artistas e outros motivos de interesse. Mas, nem tudo isso, nem o sol abrasador, impediu a participação. E o comício foi um momento de grande afirmação do PCP. Os dois mil lugares sentados frente ao palco 25 de Abril, esgotaram rapidamente e a colina em frente, transformou-se num mar de gente devidamente espaçada entusiasta e vibrante. Uma surpresa, com certeza, para os habituais vaticinadores coveiros do PCP, e um alento para os mais desanimados. E esta tão atacada edição da Festa do Avante, terminou em beleza com outra enchente; a dos Xutos & Pontapés.

Para o ano, sem o corona e com os agoirentos anti-comunistas, com certeza, bem mais contidos, será lá ainda mais celebrada, a Festa, a cultura, a vida.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"



1 comentário:

  1. Sucinto e directo: A Festa Cultural e política do Avante!, até agora não teve nem a milionésima parte dos comentários, por relação aos que teve antes do evento. Porquê? O que corre bem, e correu, não é motivo para replicar não é para dar a conhecer?!! O PCP tem lepra?

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