Li hoje, no Público, uma interessante entrevista dum empresário, José Neves (JN), que decidiu doar 2/3 da sua fortuna a uma fundação, criada por si e pelos seus dois sócios, para financiar pós-graduaçóes de 1.500 portugueses na área do conhecimento digital. Tentar analisar isto, dava " pano para mangas", mas vou atrever-me a algumas considerações que me assolaram, sem lhes dar conotação valorativa. E , desde logo, saudar a doação, o que é sempre bom. Depois vem a minha boa surpresa ao ouvir expressões belas, por parte de JN, como " é o momento de partilhar" e " é um ímpeto de alma", hoje em dia quase "esotéricas". Gostei ainda que (helas!) falasse sempre de desenvolvimento e, nem por uma vez, de crescimento, que é a panaceia universal dos "iluminados". Igualmente gostei - tanto como duvido da sua execução... - da necessidade da formação contínua dos empresários, bem como dos empresários-donos ( até porque não os "distingo" muito bem). Finalmente vem-me à cabeça a pergunta que me parece óbvia. embora a saiba imbuída de "dúvida metódica", ainda por cima "pessimista": qual o valor do 1/3 da fortuna pessoal que guardou para si? Talvez a resposta esteja contida ( ou não...) na frase que proferiu e passo a citar: " essa é verdadeira fonte da felicidade; o enriquecimento material, a partir de um determinado nível, não faz qualquer diferença" . Apetecia-me pedir-lhe que quantifique mas... ao menos e sei que, seja ele quanto for, foi o " ímpeto de alma" do senhor que doou os outros 2/3 do dinheiro...
Fernando Cardoso Rodrigues
Estamos tão pouco habituados a estas filantropias que é inevitável ficarmos de pé atrás. Como diz o povo, quando a esmola é grande, o pobre desconfia. Oxalá seja tudo por bem.
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