terça-feira, 1 de setembro de 2020

Sem discussão

Gostei de ler, de um fôlego, um livro recentemente publicado, da autoria de Bernard-Henri Lévy (BHL). Intitulado “Este Vírus Que Nos Enlouquece”, vem colocar sobre a mesa algumas ideias que, em minha opinião, e a propósito do combate à pandemia, foram escamoteadas e não suficientemente debatidas. Para BHL, o rei vai mesmo nu, mas, obviamente, isso não se pode dizer, pois o unanimismo “oficial” não o permite. Só se mandou às malvas a dúvida cartesiana, uma das bases da ciência, e o “dever de hesitar”, que Teresa de Sousa realça na postura intelectual de Albert Camus (ver crónica do passado domingo, no Público). De resto, tudo bem!

3 comentários:

  1. Contraponho " O Futuro por Contar" de Ivan Krastev. Também um opúsculo. O do francês é a " sua cara " e do búlgaro a "minha", no tema em causa. Mas leia, pois não vai dar o tempo por mal empregado.

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    1. Agradeço-lhe a sugestão. Veio alterar a minha agenda, mas, obviamente, com muito proveito.
      Não sei se o surpreendo ao dizer-lhe que a leitura de “O Futuro Por Contar” me proporcionou concordância com a quase totalidade do texto. Pequenas divergências de pormenor não são relevantes. O livro é muito interessante e não será defeito a exagerada proliferação de citações que, aliás, só demonstram grande erudição.
      Quanto a nós, às nossas ideias, creio já ter aqui ficado dito (penso que por si), que a grande divergência é a que toca ao confinamento. E assim parece ser. Não nego a pandemia, como alguns “ilustres” fazem, nem sou contra grande parte das medidas de combate à mesma. Temi, sim, e temo os efeitos do encerramento da sociedade que, é óbvio, não me convence. Ao contrário de muitos, para além das agressões às liberdades individuais (facilmente suspensas, mas dificilmente restauradas), que me ferem sobremaneira, nunca deixei de pensar na morte, não só económica, mas também física, que o encerramento das economias vai ceifar, a prazo muito longo, nas camadas mais vulneráveis deste nosso mundo. O que não quer dizer que “despreze” a morte, também ela profundamente trágica, dos actualmente mais vulneráveis à covid. Tenho para mim que, por medo de responsabilidades futuras, os governos acorreram ao imediato, com toda a pressa, “encolhendo os ombros” às dramáticas consequências futuras. Foi o “logo se vê” do costume.
      Por outro lado, a reacção generalizada dos governos, sobretudo europeus, enfermou de vários erros. Entre eles, destaco a ignorância (sobre o fenómeno que nos estava a atacar) com que nos atiraram para o beco sem saída. Os governos quase nada sabiam sobre o assunto e, mesmo assim, tomaram as decisões mais drásticas que alguma vez vimos nas nossas vidas. Segundo Bernard-Henri Lévy, o pai da anatomia patológica, Rudolf Virchow, afirmava que uma epidemia é um fenómeno social que tem alguns aspectos médicos. Então porquê entregar, não a última, mas a única, palavra aos médicos? Não seria necessário ouvir tantos outros especialistas, desde professores a empresários, juristas a sociólogos, economistas a demógrafos, sindicatos a pais, associações as mais diversas?
      Ainda sobre o livro de Ivan Krastev, permita-me um reparo que, aliás, é abrangente à comunicação social que nos rodeia: a sistemática “confusão” entre os efeitos da covid-19 e os efeitos da luta contra essa doença.
      De uma coisa estou certo (e fiquei mais convicto com esta leitura): o medo foi o instrumento mais usado em toda a história da pandemia até hoje. Admito, contudo, que nem todos o tenham feito de forma maquiavélica.
      Caro Fernando, está mais que visto que ambos temos ainda muito a dizer sobre o assunto. Porém, assim a quente após esta leitura, é o que me apraz dizer.

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  2. Bernard-Henri Lévy (BHL) “Este Vírus Que Nos Enlouquece”, vale ser lido neste momento. Não tendo que está sempre de acordo, faz-nos pensar!!!!

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