A avaliar pela disseminação noticiosa, as preocupações do mundo relativamente à covid-19 concentram-se na descoberta de uma vacina. Oxalá o sucesso surja rapidamente, mas não esqueçamos que as vacinas contra a SIDA e os diversos coronavírus anteriores ao SARS-CoV-2 ainda não apareceram, apesar de procuradas há longos anos.
Em paralelo, estarão, certamente, a desenvolver-se esforços para descobrir terapêuticas que debelem a doença, assim como para a concepção de dispositivos que, de forma imediata, consigam detectar a presença do vírus em qualquer observado. Destes esforços, contudo, não são visíveis grandes e “parangónicas” notícias, o que é pena, pois afiguram-se-me, no momento presente, ainda mais importantes do que a própria vacina. Caso a tecnologia actual consiga produzir tais “instrumentos”, a sociedade em geral, pela agilização que trariam ao seu funcionamento, beneficiaria mais do que da almejada vacina. Mesmo o medo, globalmente instalado, poderia atenuar-se com estas “ferramentas”, anulando-se a maioria dos efeitos indirectos da pandemia ou da luta contra ela.
Público - 28.09.2020
Hoje li este seu texto no Público e decidi-me. Percebo-lhe o desejo, embora não entenda aquilo que me pareceu detectar nele: que os estudos sobre novo medicamento não vêm a público "parangonicamente" por "intenção" malévola dos jornais ou outro. Interpretei mal? Os virus são "danados" José! Os antibióticos anti-bacterianos vão aparecendo, mas contra os vírus... E se a sua intenção é acabar com o "medo" que tolhe, então há algo que está há muito inventado: pastilhas de farinha com açúcar,communmente designadas por... placebo!
ResponderEliminarCaro Fernando,
EliminarPor muito que o desiluda, não tenho desejos escondidos, à espera de qualquer dissecação. O que sempre tive, nesta matéria da pandemia e da luta que se lhe desenvolveu, é que se salve o maior número de pessoas. Sejam elas atacadas pelo vírus, sejam as outras. Como sabe, o número de mortos que tem havido a mais do que o “normal”, por falta de cuidados, alguma da qual da responsabilidade própria das “vítimas”, é significativo, talvez maior do que o número das vítimas covid. E todos os que morrem “a mais”, passe a expressão, talvez pudessem ter sido salvos se a reacção intempestiva que os poderes tiveram, mal se falou em vírus, tivesse sido outra. Esta seria uma discussão interminável, até porque, nestas coisas do social, não se podem fazer comparações no terreno. Por outro lado, os indícios do que virá no futuro vão no sentido de se agravarem as desgraças, como demonstra à evidência o alargamento do fosso entre pobres e ricos, já à vista desarmada, e seguramente com consequências terríveis na fome e no empobrecimento no mundo.
Continuando, devo dizer que interpretou mesmo mal o que eu escrevi sobre a falta de “parangonas”. Embora tenha uma posição muito crítica sobre a orientação geral dos órgãos de comunicação portugueses (não sei o que se passa lá fora, mas julgo ter informação fidedigna de que o assunto pandemia não tem sido explorado da forma asfixiante que se vê por cá), não atribuí qualquer malevolência aos jornais, como se eles estivessem a camuflar a coisa. Nada disso, o que eu quis dizer, e, se calhar, não fui suficientemente explícito, era que a penúria de notícias sobre o assunto indicia que os esforços nessa área são muito parcos, concentrando-se todos na vacina anti-vírus que, como o Fernando reconhece, é coisa complicada e não está aí ao virar da esquina. Como eu disse no meu texto, continuamos à espera, há dezenas de anos, da vacina contra a SIDA. E aparecerá ela, ou a do coronavírus 19, ou todas as outras em estudo?
Agora, o medo. Não tenho qualquer intenção de acabar com ele. Oxalá eu pudesse. O que me perturba é que muitos com responsabilidades se deleitaram em espalhá-lo aos quatro ventos quando, em minha opinião, deveriam ter assumido uma posição que tranquilizasse a maioria das pessoas. Aqui, vou mais pela prevenção do que pela cura: gostaria que não tivessem criado a “doença” e, assim, já não precisaríamos do placebo, açucarado ou não.
Posto tudo isto, neste caso muito concreto, atendendo a que os meios de prevenção ainda estão envoltos na neblina dos “desejados”, eu daria prevalência à cura e ao diagnóstico rápido (e, necessariamente, barato). Já viu que, com esses dois meios “dominados”, se é que é possível, o mundo não parava? Sentadinhos à espera da vacina, vai-se morrendo…
O Jose espraia-se por terrenos em que o meu comentário não comportava, mas tudo bem. Só duas notas: o que tentei dizer é que um antivirico é, por natureza, muto dificil de ser criado, mais que a vacina; quanto ás culpas das mortes por outras doença serem quase unicamente ( já falamos disto) assacadas às autoridades de saúde, remeto-o para o telejornal da 13h de hoje em que se soube que 40 a 52% das mortes por enfarte do miocárdio aconteceram na residência porque.... os doente se recusaram a ir ao hospital
ResponderEliminarPois é totalmente verdade o que diz. Como viu na minha “contestação” ao seu primeiro comentário, eu refiro a falta de cuidados cuja responsabilidade deve ser assacada às próprias vítimas. Conceder-me-á o favor de considerar que, se o medo de ir ao hospital foi do tamanho que sabemos, em muito contribuíram os arautos da desgraça que por aí pairaram. Até nisso, deveriam ter o “tininho” de não assustar as pessoas. Mas enfim, os doentes com cirurgias delicadas que foram adiadas, os diagnósticos que não se fizeram, as mortes que não se previram nem evitaram, mesmo que sejam só atribuíveis em 48 a 60% ao funcionamento dos serviços governamentais… bom, foi (e será) muita dor. Demasiada!
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