sábado, 5 de setembro de 2020

O DESPERTAR DE UMA NOVA VISÃO À LUZ DO CRISTIANISMO E DA CIÊNCIA.


   

  Há quem diga, na área científica, que a glândula pineal (epífise) que temos na base frontal do crâneo, produtora da melatonina, é pouco conhecida e ainda não encontrou o maior desenvolvimento de suas potencialidades no atual estágio da humanidade, mas futuramente ela vai despertar uma nova visão: a clarividência, que não será apenas uma faculdade de alguns, mas um dom natural de toda criatura humana.

Pode ser prejudicial para esta glândula o uso de raio infravermelho utilizado com finalidade de registrar temperatura: avaliação deverá ser feita no pulso e não na testa, como tem acontecido nesta época de pandemia.

A terceira visão que transcende os limites da atualidade já se tornou título de um livro lastreado na cultura espiritualista oriental, de autoria de Lobsang Rampa, proclamando uma vidência abrangedora de amplas dimensões da vida. Isso, porém, não é novidade: o Cristo Divino, ao dar o maior recado de Deus à humanidade – o “Sermão da Montanha (Mateus, 6. 22 e 23) – já admitia a existência do chamado olho simples, ou seja, puro, sem o embasamento das complicações, que reveste toda nossa organização físico-mental no manto de uma ampla luminosidade.

Assim está escrito, em forma singular, na mais autêntica tradução do Evangelho, conforme o texto grego original do primeiro século, segundo o grande filósofo, cientista e pensador cristão Huberto Rohden, de quem tive a honra de ser aluno: “O olho é a luz de teu corpo”. “Se o teu olho for simples, estará em luz todo o teu corpo”. Noutras traduções aparecem olhos no plural e bons no lugar de simples.

Importante observar que o envolvimento do corpo na luz não tem apenas um alcance moral, mas também a conquista de uma situação físico-mental superior mais aprimorada, propiciando uma visão cósmica que atinge dimensões maiores do universo. Esse olho simples, portanto, ultrapassa o conceito da moralidade, mas, é óbvio, não deixa de envolvê-la, tanto é que, mais adiante, o referido texto bíblico (Mateus, 7.3), condenando o juízo temerário, narra a conhecida parábola do “argueiro e da trave nos olhos” que, segundo abalizada opinião do ilustre médico psicoterapeuta e pensador espírita Delfino da Costa Machado, deveria ser chamada de “parábola da oftalmologia”.

Realmente, a visão míope da criatura humana atrasada espiritualmente vê cisco no olho próximo e não enxerga a trave que tem em seus próprios olhos, ou seja, vê apenas os pequenos defeitos alheios e desconhece suas próprias grandes mazelas.

O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola (2.14) refere-se a “olhos cheios de adultério”, isto é, repletos de falsidades. Comentando essa passagem, o luminar espírito Emanoel, que teria sido na existência o jesuíta português, Pe. Manoel da Nóbrega, fundador da cidade brasileira São Paulo, afirma, através da psicografia do famoso médium Francisco Cândido Xavier, em mensagem do livro “Pão Nosso”, que “olhos cheios de adultério constituem rebelde enfermidade comprometedora de nossa luta evolutiva e que somente olhos otimistas saberão extrair motivos sublimes de ensinamento, nas mais diversas situações do caminho a percorrer”.

Não se pode duvidar da existência do “mau-olhado” tão admitido pela crença popular, que leva muita gente à procura dos recursos da benzeção para se libertar dele. Não se diga que se trata de mera superstição. Há realmente um magnetismo comandado por olhares malévolos não só oriundos de sentimentos negativos de inveja e ódio, mas também de forças negativas do próprio inconsciente.

Uma senhora muito bondosa, comadre de minha avó paterna, quando olhava com admiração para uma plantinha, danificava-a. Não podia deixá-la ver umas abobrinhas nascentes, senão estas murchavam. É provável que uma inveja subconsciencial tolhia seu olhar, porque sempre dizia que suas plantações não eram bonitas como as da vizinhança.

O chamado “olho simples” da doutrina cristã é muito raro em nosso planeta ainda atrasado moral e cientificamente. Quão difícil é olhar sem invejas, ambições e interesses escusos, principalmente se for uma linda mulher, com os habituais trajes provocantes da moda atual, sem desejá-la ardentemente. Não é fácil contentar-se  apenas com uma inocente admiração de flerte, que não aborrece e não faz mal algum.

O maior escritor brasileiro, Machado de Assis, que foi casado com uma irmã do poeta lusitano Faustino de Novaes, em seus romances sempre descrevia, com a maestria de seu talento, o malicioso olhar de ódio, espionagem ou de censura, usando com muita propriedade o verbo desembainhar, como se uma espada estivesse sendo retirada da capa (a bainha ocular).Veja o capítulo LXV de sua obra-prima “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que ele diz ter escrito num misto de humorismo e tristeza, com a “pena da galhofa e a tinta da melancolia”. Referindo-se à personagem baronesa, que chegava saudando exclamativamente, com os dizeres- “bons olhos o vejam!”, logo em seguida, espiando tudo ao redor, “desembainhava um olhar afiado e comprido, remexendo a alma e a vida dos outros”.

Cá no Brasil, era muito comum ver o esqueleto de uma cabeça bovina com seus chifres dentro de hortaliças para atrair olhares malsãos, desviando-os das verduras como um para-raios. Lembro-me da horta do Sr. Mota, em Goiandira, meu torrão natal no sudeste do Estado de Goiás. Era um português que cultivava sem uso de agrotóxicos e quando havia mais gente trabalhando no quintal, falava em voz alta para esposa, com aquele sotaque lusitano; “Vitória, leva mais abóbora ao fogo, pois quem trabalha precisa comer bem!”

Um tio paterno, que também era meu padrinho (José Olímpio) andava sempre com um raminho de arruda ou alecrim no bolso do paletó. Segundo ele, seria para receber todo “mau-olhado” que lhe fosse dirigido. Será veraz? Não duvido, porque aqueles vegetais muito sensíveis poderiam ser um anteparo aliado à força da fé, que remove até montanhas, como afirmou o maior de todos os mestres da humanidade.

10 comentários:

  1. O problema, professor Vivaldo Araújo, é quando a fé coloca montanhas onde elas não existem...

    ResponderEliminar
  2. Desculpem a pergunta, se calhar descabida, mas certamente reveladora de enorme ignorância: pode-se ser, em simultâneo, evangélico e espírita? É que julgo saber que a doutrina católica não o permite aos seus crentes.
    E, já agora: Bolsonaro também é espírita?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Católico e evangélico podem ter conhecimentos da doutrina espírita, que é ciência, filosofia e religião.Quanto ao presidente, ele tem demonstrado não ter conhecimento da doutrina.

      Eliminar
    2. Agradeço-lhe os esclarecimentos.
      Conhecimentos, sim. Mas pode um evangélico praticar o espiritismo sem violar os deveres para com a sua religião "principal"?

      Eliminar
    3. Cá no Brasil, seria muito difícil, por serem muito arredios à doutrina. Acho que, na prática, seria viável se aceitassem as obras de caridades, como roteiro de salvação, e não simplesmente a graça divina através de Cristo, embora sejam mais seguidores do apóstolo Paulo.

      Eliminar
  3. Caro José Rodrigue, permita-me entrar nesta conversa, em algumas regiões do país é chamado de "dedo de prosa":
    No Brasil, no meu ponto de vista, a doutrina espírita ( aquela codificada por Allan Kardec) é mais tolerada pelos católicos de que pelos evangélicos. Grande quantidade de seus seguidores são oriundos da fé católica, inclusive, devidamente batizados nesta religião. O presidente por sua vez de formação familiar católica, com batismo conforme a tradição, aceitou ser novamente batizado, antes das eleições, nas turvas águas do Rio Jordão em Israel, pelo pastor evangélico, Everaldo, este mesmo que se encontra preso no Rio de Janeiro, por suspeita de atos ilícitos. Recentemente foi novamente batizado pelo bispo evangélico Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. Bolsonaro pelo visto está fazendo uma coleção de batismo, por enquanto são três.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tive muito gosto com este seu "dedo de prosa".
      O Bolsonaro não é nada estúpido. É até muito inteligente. Joga em vários tabuleiros e aumenta assim a probabilidade de chegar ao Céu. Esperto...

      Eliminar
  4. Bolsonaro já vai em três batismos e nove partidos. Eu, visto que já deixei escrito que recuso ir pró Céu, sinto-me tranquilo por hipotéticamente não ter que enfrentar esta figurinha. Tenho pena dos que para lá vão. Ámen...

    ResponderEliminar
  5. Só não consigo perceber como a (palavra) ciência anda aqui metida....

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.