«Morreu o jornalista, Vicente Jorge Silva». A notícia, assim
de chofre com choque, a frio, comoveu-me de tal forma
que só consegui escrever uma breve mensagem para o
CM. Não sabia que estava menos bem. Tinha tanto, tanto
para escrever. Agora, já com a sensibilidade serenada, o
Vicente 'não' morreu, só fisicamente desapareceu porque
ficará obra para ser lida e estudada. Brilhante no jornalismo,
mais do que curioso fotógrafo e observador prático na realização
cinematográfica. Jornalista experiente, exigente e por vezes contundente
fez desta profissão trampolim para as suas lutas e causas. Agora
não compactuava, e bem, com populismos protofascistas. A direcção do
PÚBLICO, do qual foi co-fundador e seu primeiro director, encabeçada
agora por Manuel Carvalho, teve excelsa ideia em convidá-lo para assumir
o fecho do jornal ao Domingo. Há anos vi-o no Funchal: «Viva!, e um grato
abraço ao campeão das letras, Vicente Jorge Silva!» -Quem é? «Sou seu
militante leitor. Um 'Escuta Zé Ninguém' (título dum livro de Wilhelm Reich). -Ah! Também gosta do Wilhelm. «Que nunca lhe doa o intelecto!», adiantei.
Agradeceu, sorriu e lá foi altaneiro conforme era seu porte e escrita. O querido Vicente também teve influência na minha formação democrática, e de quantos mais?, através do seu jornal - Comércio do Funchal, ainda adquirido numa certa clandestinamente nos tenebrosos tempos ditatoriais, cuja liberdade de imprensa na altura era miragem sonhadora... A coragem cívica de Vicente fazia lembrar a do eterno Baptista-Bastos.
Continuas presente\ velho Mestre camarada Jornalista\ sempre\ com palavras aguerridas d'Artista\ de pena afilada,\ por melhor sociedade democratizada.
Curvo-me em tua Homenagem\ até ao Além!
Vítor Colaço Santos
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