sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A Foto de Aylan Kurdi (A.K.)

É frase comum e até já banal, dizer-se como uma verdade inquestionável, de que uma Foto vale por mil palavras. Talvez seja por isso que algumas centenas de fotojornalistas percorrem o mundo e perigos, atrás de acontecimentos ou por eles são atraídos, que preencham as condições que ajudem e possam ser fixados no instante momento, no exacto e único minuto que façam dele e da Foto registada um também acontecimento, uma forte e larga notícia, uma celebridade que o unirá à fama, que tal gesto, aventura, amor pelo ofício de recolher uma Imagem que valha tudo aquilo que se diz e se repete valer, por mil palavras. Assim se dispõe fazer e o vem tentando encontrar tal momento difícil e raro, a fotógrafa Nilufer Demi (N.D) tal como o tinha perseguido Alberto Korda(A.K) em guerras passadas, espalhados por montanhas e mares dramáticos, desesperadamente navegados, e outros cenários nunca vistos ou só dados a ver após serem publicados pelos media-mundo. Mas eu venho a este espaço e na calma da leitura do jornal sob a rama densa desta austrália que me ensombra, armado de papel e tinta para discordar do teorema inicial que mede fotos com palavras. Será que é verdade que uma Foto como a que N.D. adormeceu num disparo com uma máquina quase impessoal, curiosa, de um menino de borco, Aylan Kurdi (A.K.), sobre as águas assassinas na orla de um mar tenebroso, levanta esse imenso coro de palavras já que não as apaga uma vez postas a correr? A mim parece-me que não. A Imagem provoca dor, estupefacção e levanta daquelas areias farpadas, um Silêncio gelado. Um Silêncio apenas e só. De nada servem as palavras e as mil legendas, que outros gostam de juntar para fazerem número. Até mil, pelo menos!

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