ENFRENTANDO
AS ADVERSIDADES
Laura foi
sempre uma jóvem saudável e cheia de alegria de viver. Formou-se em psicologia
e tinha um futuro brilhante pela frente, mas a vida tinha para ela uma prova
bem difícil.
Aos 25 anos
começou a perder a visão e pouco a pouco foi ficando cega. Passou tempos
terríveis, tentou suicidar-se, mas com
ajudas de todo o lado foi-se adaptando à nova situação e agora, aos 30 anos, é
uma mulher capacitada para viver com as limitações de um invisual.
Retomou a
actividade como psicóloga, gosta de se divertir e fazer o que qualquer pessoa
faz, o que às vezes a expõe a situações caricatas.
Mulher
bonita, gostando de se vestir como qualquer outra jóvem da sua idade, um dia
apeteceu-lhe saír de saia curta e lá foi para a rua, com a bengala
identificadora da sua situação. Mas, para além de ter de ultrapassar todo o
tipo de obstáculos que se atravessam no caminho de um cego, ainda teve de
suportar umas quantas múmias, daquelas cuja missão parece ser encher o mundo de
azedume, dizerem-lhe que um cega tinha obrigação de andar decentemente vestida…
A partir
deste episódio decidiu não saír mais à rua de bengala, mas novas cenas tristes
a esperavam. Estando um dia sentada num café, esperando a irmã que combinara ir
ali buscá-la, sente de repente um lapuz qualquer sentar-se a seu lado e
convidá-la para ir dar uma volta. Perguntou ao sujeito o que é que o fizera
supor que estaria interessada em acompanhá-lo, ao que ele respondeu que ela não
tirava os olhos dele havia mais de vinte minutos…
///…///
Na
perspectiva filosófica, fazer bem não significa atingir a perfeição nem fazer
melhor do que qualquer outra pessoa. Perder ou ganhar a corrida não tem
qualquer significado moral. O vencedor pode ser o corredor mais rápido, mas
isso nada nos diz sobre o tipo de pessoa que é.
O valor está
em cada um dar o seu melhor, mesmo que o nosso melhor não nos permita cortar a
meta em primeiro lugar. Mas se lutámos para fazer o melhor que podíamos,
ninguém nos poderá tirar a satisfação pessoal, recompensa que só depende de nós
mesmos.
A competição
faz emergir o que o indivíduo tem de melhor e de pior. Não se deve confundir
ligeireza de pernas com excelência de carácter. Não existe uma receita
universal para se ser bem sucedido. Todas as pessoas têm talentos particulares,
a questão é prestar-lhes atenção.
NOTA –
Apontamentos diversos transcritos por
Amândio G. Martins
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