ILUSÃO PERDIDA
Doce ilusão
que foges perseguida
Como gazela tímida
e medrosa,
Ou como núvem
pelo céu batida
Ao sopro de
uma aragem silenciosa:
Levas
contigo, ó pomba gloriosa!
A esvoaçar em
busca de guarida,
O meu amor, a
desmaiada rosa!
Levas contigo
o coração e a vida.
E nunca mais,
no exílio onde agonizo,
A melindrosa
flor do teu sorriso
Há-de
ostentar as pétalas vermelhas…
Mas na
estância feliz que eu não devasso,
Encontrarás
meus beijos, pelo espaço
Em busca de teus
lábios, como abelhas.
ROSA BRANCA
Sonho ou
quimera, na ilusão divina
Que ao mundo
alado o coração transporta,
Aquela rosa pálida
e franzina,
Branca, tão
branca, parecia morta…
Planta que o
frio da existência inclina,
Pomba que
foge ao seu país…Que importa?
Sonho ou
quimera, na ilusão divina,
Branca, tão
branca, parecia morta…
Mesmo
acordado ou vendo-a com tristeza
Nas molduras
do sonho e da incerteza,
Que a
fantasia em pleno azul recorta,
Sempre na
imensa dor que me fulmina,
Aquela rosa pálida
e franzina,
Branca, tão
branca, parecia morta…
PÁLIDA E LOIRA
Morreu.Deitada
no caixão estreito,
Pálida e
loira, muito loira e fria,
O seu lábio
tristíssimo sorria
Como um sonho
virginal desfeito.
-Lírio que
murcha ao despontar do dia,
Foi descansar
no derradeiro leito,
As mãos de
neve erguidas sobre o peito,
Pálida e
loira, muito loira e fria…
Tinha a cor
da rainha das baladas
E das monjas
antigas maceradas,
No pequenino
esquife em que dormia…
Levou-a a
morte em sua garra adunca!
E eu nunca
mais pude esquecê-la, nunca!
Pálida e
loira, muito loira e fria…
Nota – Poemas
de António Feijó – Ponte de Lima, 1859 – Estocolmo,1917.
Transcritos
por Amândio G. Martins.
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