Portugal tem passado ao longo da sua vasta e rica história, pelas mais diversas provações, mas é no século da modernidade e das tecnologias, apogeu do mundo digital, que estas se afiguram mais complicadas.
Em termos econômicos, o país sofreu um rude golpe assim que a crise do subprime, iniciada nos EUA, se propagou para o continente europeu; com isto vieram ao de cima as escondidas dificuldades de um país que até então se julgava rico.
Em termos sociais, as desigualdades agravaram-se de tal forma, que famílias estruturalmente bem formadas, viram os seus índices de conforto e assegurada estabilidade, cair para valores próximos da pobreza extrema. A dura realidade de uma das piores crises mundiais, estava aí e era uma atualidade muito presente.
A coesão social, foi de tal forma afetada, que no presente momento, as instituições não têm mãos a medir para atender tantos pedidos de ajuda, deixando de forma indirecta, por manifesta falta de recursos, algumas pessoas e famílias por ajudar.
Não são elas (as instituições ) que têm culpa; aliás, nem eu sei bem quem a detém mas não quero saber. Importa sim, criar as condições necessárias, para que as questões sociais tenham uma melhor configuração, quando forem passíveis de serem tratadas.
O que mais me indigna num estado de direito, como o nosso, é o profundo egoísmo e a falta de uma lógica racionalidade, na arte de tratamento do próximo. Esta crise trouxe consigo uma caixa de pandora contendo os piores males de um contexto social já de si com tendências gravosas. Mas trouxe também algo que me surpreendeu negativamente: o alheamento social que conduziu ao abandonar de máxima solidariedade de que nos podíamos orgulhar enquanto povo. Continuamos a ser solidários e em alguns casos até reforçamos e modificamos a nossa forma de encarar quem mais precisa mas esta onda de afetuosidade, foi perdendo a força de outrora.
Portugal, atualmente, é uma manta de retalhos sociais, que teima em não ser reposta na totalidade e á qual temos de dar uma resposta rápida; não podemos continuar a ignorar o que se passa, dando de barato a culpabilidade de uma crise, que se arrasta e prolonga no tempo. Temos lacunas graves para colmatar e temos de descruzar os braços , indo para o terreno e agindo com toda a eficiência e eficácia possíveis.
Custa me ver os retalhos sociais , que se vão "acomodando" ao longo das cidades e vilas, como se fizessem parte de uma paisagem abstrata, como se aquelas pessoas, pertencessem a um outro mundo. Há esperança para Portugal mas se não agirmos a tempo,os retalhos vão se deteriorar e depois a resposta para esse drama será cada vez mais difícil de encontrar.
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