quarta-feira, 9 de setembro de 2015

RESPOSTA AOS "INDIGNADOS DO BES"


Tenho acompanhado, como qualquer cidadão, as peripécias dos investidores do ex-BES, ou "BES Mau", como cinicamente lhe chamaram, e fiquei chocado com a violência com que nestes últimos dias têm procurado defender os seus interesses. Para um deles ter admitido, perante a incrédula e estonteada repórter de uma TV, que se "...isto não vai a bem, vai haver sangue..." (citado de cor). Tal foi a violência dos protestos que a PSP viu-se obrigada a lançar gás pimenta! Ora isto não é aceitável, tratar este assunto nos gabinetes com Advogados e leis, e perante a frustação e amargura dos espoliados, reagir com violência policial, à violência indesejável dos manifestantes. Antes que isto piore ainda, o governo tem de tratar esta situação como um assunto político de extrema sensibilidade. Trata-se da estabilidade do sistema financeiro, tantas vezes invocada por este e governos anteriores, quando se trata de pôr os contribuintes todos a pagar por erros de gestão dos banqueiros e/ou omissões de supervisão dos reguladores. Neste caso há milhares de aforradores que confiaram todas as suas poupanças no BES, então um baluarte do sistema financeiro nacional. Até o Senhor Presidente da República, pouquíssimo tempo antes da resolução do Banco de Portugal, veio a terreiro defender a estabilidade do BES e pedir confiança. Ora não podem todos os agentes do sistema financeiro, lavar agora as mãos como Pilatos. A começar pelo próprio Governo, que não pode comodamente delegar este assunto exclusivamente no Banco de Portugal. Os aforradores que foram manipulados ou enganados, e que investiram em produtos financeiros garantidos como se depósitos a prazo fossem, têm de ser reembolsados na íntegra. Se o Fundo de Garantia de Depósitos, explicitamente não poder cobrir tais aplicações, então o Governo tem de arranjar urgentemente uma alternativa, que acabe com estes “filmes” horríveis diários nas TVs, que qualquer dia podem provocar uma desconfiança tal no sistema bancário, que pode haver uma corrida aos bancos e respectivos depósitos, com consequências inimagináveis.
OBS. Esta carta foi publicada no "Público" em 16/9/15

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