Tenho
acompanhado, como qualquer cidadão, as peripécias dos investidores do
ex-BES, ou "BES Mau", como cinicamente lhe chamaram, e fiquei chocado
com a violência com que nestes últimos dias têm procurado defender os seus interesses.
Para um deles ter admitido, perante a incrédula e estonteada repórter de uma
TV, que se "...isto não vai a bem, vai haver sangue..." (citado de
cor). Tal foi a violência dos protestos que a PSP viu-se obrigada a lançar gás
pimenta! Ora isto não é aceitável, tratar este assunto nos gabinetes com
Advogados e leis, e perante a frustação e amargura dos espoliados, reagir com
violência policial, à violência indesejável dos manifestantes. Antes que isto
piore ainda, o governo tem de tratar esta situação como um assunto político de
extrema sensibilidade. Trata-se da estabilidade do sistema financeiro, tantas
vezes invocada por este e governos anteriores, quando se trata de pôr os
contribuintes todos a pagar por erros de gestão dos banqueiros e/ou omissões de
supervisão dos reguladores. Neste caso há milhares de aforradores que confiaram
todas as suas poupanças no BES, então um baluarte do sistema financeiro
nacional. Até o Senhor Presidente da República, pouquíssimo tempo antes da
resolução do Banco de Portugal, veio a terreiro defender a estabilidade do BES
e pedir confiança. Ora não podem todos os agentes do sistema financeiro, lavar
agora as mãos como Pilatos. A começar pelo próprio Governo, que não pode
comodamente delegar este assunto exclusivamente no Banco de Portugal. Os
aforradores que foram manipulados ou enganados, e que investiram em produtos
financeiros garantidos como se depósitos a prazo fossem, têm de ser
reembolsados na íntegra. Se o Fundo de Garantia de Depósitos, explicitamente
não poder cobrir tais aplicações, então o Governo tem de arranjar urgentemente
uma alternativa, que acabe com estes “filmes” horríveis diários nas TVs, que
qualquer dia podem provocar uma desconfiança tal no sistema bancário, que pode
haver uma corrida aos bancos e respectivos depósitos, com consequências
inimagináveis.
OBS. Esta carta foi publicada no "Público" em 16/9/15
OBS. Esta carta foi publicada no "Público" em 16/9/15
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