terça-feira, 6 de maio de 2014

Jogo limpo

Não há saídas limpas para jogos sujos.

Eles não querem saber dos feijões para nada. São seres inertes. Só querem acabar a lerpa com o maior número do seu lado da mesa , porque mais é poder.

Os feijões não valem nada e somos nós.

Trocam-nos por mais mancebias, convites para  jogos de maior parada. É esse o pior dos vícios , o  poder e a necessidade de doses cada vez maiores.

Os feijões  encarquilham de tanto abuso, sempre os mesmos, voltam vezes sem conta para a mesa, desprezíveis peças de troca.

Vivem numa espécie de existência suspensa, na espera de novos descomedimentos dos jogadores, ao sabor da melhor mão, do Ás de trunfos mais forte, que os arrebanha para si.

Os estafermos não gostam dos feijões, na verdade eles não gostam de nada, nem sabem que se um dia os feijões tivessem pernas e se pusessem a andar, ficaram sem peças para continuar a jogar.

Quanto aos feijões, com muita pena, resta esperar que um dia grelem e brotem feijoezinhos mais autónomos nas decisões que tomam para as suas vidas de leguminosas.

Pode ser que aconteça! As utopias são os sonhos mais persistentes que se conhece. Até os feijões poderão um dia ver a pensar, que nestas coisas da imaginação tudo é possível


Até lá: meus senhores digam se vão a jogo! Trunfo é “ouros”.

www.luizrobalo.blogspot.pt

2 comentários:

  1. Uma pérola este seu texto.
    Concordo em absoluto - tinha escrito um texto na "mesma linha", mas já não vou publicá-lo porque acho que está tudo dito e bem dito...
    Obrigada pela partilha.

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  2. Agradeço o seu comentário Graça. Desculpe se me antecipei na linha, fico reconhecido .

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